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Sessão de 13 de Julho de 1923
Peço licença para contrariar S. Ex.ª nessa sua declaração, o que faço, dizendo peremptòriamente que não fiz semelhante afirmação.
O que eu disse foi que as pequenas nações, como a nossa, não sentiram a necessidade de proclamar perante o mundo uma atitude exclusiva, uma atitude própria.
Não significa isto que essas nações não se interessem pelo problema das reparações e por êle nós nos não interessemos também.
Diz o Sr. Cunha Leal que a Inglaterra está na disposição de definir, em relação à Alemanha, uma política isolada da dos aliados.
O que eu vejo sob êsse ponto de vista é que tudo quanto tem vindo nos jornais não passou ainda ao campo dos factos.
O que se verifica é que a Inglaterra procura todos os possíveis entendimentos, porque sabe muito bem que da desunião do bloco dos aliados graves complicações poderiam surgir para todos.
Se a Inglaterra se visse forçada a tomar semelhante atitude de isolamento, só a adoptaria com pesar, estou certo disso; todavia essa atitude não poderia jamais implicar qualquer prejuízo para os interêsses de Portugal, pois estão feitos estudos para prevenir qualquer hipótese por forma a termos assegurado o reconhecimento dos nossos direitos e a satisfação dos nossos legítimos interêsses.
Insistiu ainda o Sr. Cunha Leal na questão relativa às relações comerciais entre Portugal e a França, e então classificava de frouxa a acção do Govêrno e de improfícuos os esfôrços que êle tenha empregado,, na hipótese, que considerava duvidosa, de alguns terem sido feitos.
Neste ponto, as considerações de S. Ex.ª deram-me a impressão absoluta de que o ilustre Deputado está obedecendo ao propósito de traduzir pelas suas palavras uma conduta de oposição intransigente e sistemática ao Govêrno.
Está S. Ex.ª no seu direito.
No tocante às relações comerciais entre Portugal e a França, eu disse ontem nesta Câmara que tenho a convicção A& que a França, nação amiga e aliada, ao lado da qual tanto sangue perdemos na Grande Guerra, como foi hoje aqui recordado eloquentemente, pelo Sr. Cunha Leal, não pode deixar de considerar os interêsses de Portugal e de reconhecer o fundamento justo das- nossas reclamações.
Mal supunha eu então que hoje, em resposta ao novo discurso de S. Ex.ª, podia já fornecer alguns elementos que por certo tranquilizarão o seu espírito.
Hoje mesmo recebi uma comunicação do Govêrno Francês que mostra bem que os nossos interêsses começam a ser reconhecidos.
Toma assim uma nova fase esta questão, e tam prometedora que hoje estou certo de que Portugal há-de ver reconhecidos por completo os seus interêsses.
São êstes, Sr. Presidente, os resultados dos esfôrços improfícuos empregados pelo Grovêrno.
São êstes os resultados frouxos da acção do Parlamento.
O Sr. João Bacelar: — É também a consequência da campanha feita em França pelos interessados no assunto.
O Orador: — Sabe então S. Ex.ª mais do que eu de política internacional.
Não é, porém, difícil que alguém conheça mais do que eu de tal política, sobretudo quando êsse alguém tenha passado a vida preocupado no estudo dos problemas que lhe respeitam, como S. Ex.ª tem passado a sua.
Todavia, se podesse explicar todos os detalhes dessa tal campanha a que S. Ex.ª se referiu, agitada em França, e da qual, certamente, S. Ex.ª tem conhecimento pelo que tem vindo na imprensa francesa e portuguesa, eu, que me confesso ignorante, mas que dêste ponto conheço mais do que S. Ex.ª, pelo acaso de circunstâncias que colocaram S. Ex.ª na cadeira de Deputado e a mim na de Ministro, mostraria que alguma cousa o Govêrno tem feito junto do, Govêrno Francês, que vale mais do que essa campanha a que S. Ex.ª aludiu.
Voltando pròpriamente às considerações que vinha bordando em resposta ao Sr. Cunha Leal, devo declarar que me regozijo por S. Ex.ª nenhuma alusão ter feito no tocante às nossas relações com os países estrangeiros, senão às relativas à França, visto que isso me prova que S. Ex.ª se deu por satisfeito com a expo-