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Diário da Câmara dos Deputados
Leal, que neste momento, como simples Deputado, não tem de manter grandes reservas, quando foi Presidente do Ministério e quando sobraçava a pasta das Finanças não podia deixar de manter todas as reservas que as circunstâncias lhe impunham, como o seu colaborador, Sr. Júlio Dantas, meu professor nesta pasta e a quem eu presto a minha homenagem de admiração e amizade, doutro modo não» podia proceder.
O Sr. Cunha Leal: — O que eu tinha a dizer estava dito na conferência de Spa.
O Orador: — Permita-me V. Ex.ª que discorde.
Na altura em que o Sr. Júlio Dantas exerceu brilhantemente as funções de Ministro dos Negócios Estrangeiros, já se faziam, quer na imprensa quer em conversas particulares entre pessoas que se interessam por êstes assuntos, interrogações sôbre determinados pormenores da nossa política internacional, nomeadamente sôbre o problema das reparações.
Eu desejo, todavia, que me façam a justiça, aliás rudimentar, de me suporem uma pessoa capaz de dizer só aquilo que deve e quere dizer. Não vai, evidentemente, no silêncio que propositadamente faço em volta de determinados assuntos, menos consideração nem pela Câmara nem pelos Deputados que sôbre êles me interpelem. Vai apenas o desejo de não ir além daqueles naturais limites que os melindres da situação que ocupo claramente estabelecem.
Nestas condições, eu devo dizer ao ilustre Deputado Sr. Cunha Leal que sôbre o caso das negociações a que S. Ex.ª aludiu mais nada posso dizer.
Em matéria de reparações ninguém é capaz de sustentar que Portugal sente, pelas circunstâncias em que se encontra perante o mundo, a mesma necessidade de definir, tal como a Inglaterra, a França e a Itália, um determinado ponto de vista.
Há muitos países interessados na questão das reparações, segundo afirma o Sr. Cunha Leal: no emtanto S. Ex.ª não conseguiu citar mais do que três...
O Sr. Cunha Leal: — V. Ex.ª pode-me garantir que na Sérvia e noutros países se não tem tratado dêsse assunto?
O Orador: — O Sr. Cunha Leal esquece-se de que o Parlamento sérvio, por exemplo, pode muito bem citar o Parlamento português para sustentar que entre nós se tem ventilado com interêsse a questão das reparações.
Já em 1950 fui interpelado sôbre o mesmo assunto e, não podendo satisfazer então as exigências que me eram dirigidas, publiquei uma entrevista em que pormenorizadamente me ocupei do assunto.
Disse ontem aqui que a circunstância de não sermos forçados a definir um ponto de vista não impedia que Portugal se interessasse pela sua participação.
Pode S. Ex.ª ficar tranquilo que a política portuguesa, em relação a êsse assunto, tem sido cuidadosamente dirigida.
Eu falo a um Parlamento e sei bem as responsabilidades que tomo quando falo, porque os Srs. Deputados, quando falarem, podem ainda vir ocupar estas cadeiras e eu não quero recear o côntrole.
Disse o Sr. Cunha Leal que eu não sou capaz de quebrar a minha linha moral pois outra qualidade terá S. Ex.ª que, reconhecer, que, quando eu sentir que o meu estudo e o meu trabalho não são suficientes para suprir a falta das minhas qualidades, abandonarei esta cadeira, porque preferiria isso a sacrificar às minhas vaidades os altos interêsses dopais.
A comissão de reparações indicou já uma importância que foi paga de 11 milhões, pouco mais, de marcos ouro; posso acrescentar que à disposição de Portugal estão 200 vagões para os Caminhos de Ferro do Estado, que se não vieram ainda foi por causa da questão do Ruhr, para onde já foi enviado um funcionário, delegado português, para remover dificuldades, a fim de que o material venha para, Portugal.
Leu.
Não é tudo, mas pelo simples enunciado, já se pode avaliar o que tem sido a política de reparações, devendo-se tudo ao cuidado e dedicação com que o Govêrno tem acompanhado êste assunto.
Declarou o Sr. Cunha Leal no decurso das suas considerações que fora afirmado por mim que as pequenas nações não conheciam a sua posição em lace do problema das reparações.