O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

22
Diário da Câmara dos Deputados
face do procedimento dêste Govêrno onde fica o Peral?
Política de equilíbrio...
É mentira! Só se fôr o equilíbrio de transigir ora com uns, ora com outros.
O Govêrno tem faltado a tudo que anunciou no seu programa ministerial.
Que tem feito o Govêrno em matéria financeira? Nada!
Procura extinguir o deficit. Mas como?
Como há-de extinguir o deficit se não procura comprimir as despesas, antes, muito ao contrário, procura por todos os processos arranjar mais pessoal, mais funcionários, não fazendo, portanto, e por forma alguma, a redução de despesas que era indispensável!
O câmbio está a 2 1/4 e o Govêrno nada faz para o melhorar.
O deficit, que era de 130:000 contos, passou para 157:000 contos, aumentou a circulação fiduciária, e assim a onda vai subindo, não se sabe até onde!
Fez a linda obra do empréstimo, a operação mais ruinosa que podia ter feito, como já tive ocasião de o demonstrar. A libra passou para 105$ e não descansam os governantes até ela chegar a 200$.
Isto é a felicidade suprema! É a felicidade no dizer do Govêrno. Mas basta de felicidade.
Que fez o Govêrno nos Transportes Marítimos? Os navios estão apodrecendo no Tejo.
A culpa é do Parlamento, mas o Parlamento é dominado pela maioria.
A vontade da maioria não passa dum capricho.
As estradas estão todas no bonito estado que por todos é conhecido. A culpa foi do Sr. Lima Basto, que não deu um vintém, para acumular êsse dinheiro para despesas com politiquices do seu ministério.
A política externa foi que mais me revoltou quando tratada pelo Sr. Vasco Borges.
Em que termos se nos fala da política de silêncio!
Ah, Sr. Presidente, sem ofensa para ninguém, digamos que, embora das palavras porventura há dias contidas pela reserva natural, pela reserva diplomática, pela discrição diplomática, transpareçam ou deixem transparecer a verdade, a minha convicção, a convicção do Parlamento é só uma, é que não há nenhumas negociações e que para nós se faz a política do silêncio.
O Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros (Domingos Pereira): — Não apoiado.
O Orador: — Contra a minha convicção, contra as minhas afirmações invocam-se princípios de política diplomática que nem nos princípios do século XIX eram de admitir.
Então julgam os legisladores do meu país que qualquer Govêrno lá fora se atreveria a iniciar qualquer acção se não sentisse atrás de si um grande movimento de opinião pública a empurrá-lo?
Então julgam que em regime parlamentar a França iria ocupar o Ruhr se não fôsse empurrada por toda a Nação empenhada a imprimir aos governantes um grande élan, pura que fôsse para diante, arriscando porventura o futuro da França mas vivendo uma vida nobre de luta para salvar o País e salvar a França?
Então imaginam que a Inglaterra poderia fazer aquilo que fez, quási uma política isolada ida França, antes duma conjugação de esfôrços de toda a gente, procurando apoio no Parlamento, nos jornais, em toda a parte?
E querem vir com uma política de silêncio e discrição depois da guerra da conquista de todas as liberdades, quando em Inglaterra qualquer simples mortal obriga um Ministro a declarar as razões da sua política externa!
Eu sei que há negociações reservadas, mas não há princípios gerais de política reservada.
Só tenho uma cousa para justificar êste procedimento, é que não há negociações.
O Sr. Ministro diz-nos que as há; acredito, porque é S. Ex.ª a afirmá-lo, mas mal procede o Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros, mal procede o Govêrno ocultando à Nação quais são os princípios que presidem à nossa política externa, qual o nosso critério sôbre dívidas de guerra que nos podem ser exigidas.
Disse-se aqui que nós não temos voto no Conselho das Reparações; mas temos voto quando somos chamados a pagar.
E a última vez que tenciono tomar parte no debate, pois julgo que a Câmara está elucidada, e o Govêrno há-de vir perante o País, como Egas Moniz, de bara-