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Sessão de 16 de Julho de 1923
O Sr. Presidente: — É a hora de passarmos à segunda parte da ordem do dia.
Vozes: — Fale! Fale!
O Sr. Presidente: — Vou consultar a Câmara sôbre se permite que o Sr. Vasco Borges continue no uso da palavra.
O Sr. Almeida Ribeiro: — V. Ex.ª não procedeu assim nos dias anteriores dêste debate. Desde que a Câmara se manifestava, não se considerava necessário consultar a Câmara.
Não percebo porque é que V. Ex.ª agora está adoptando um critério diverso.
O Sr. Presidente: — Não tenho sido eu quem tem presidido a estas últimas sessões.
O Orador: — Sr. Presidente: onde estão os factos que demonstrem a perseguição e intransigência do Partido Democrático?
Pregunto: onde estão êsses factos?
O Sr. Cunha Leal. — Foram os próprios correligionários de V. Ex.ª que o disseram no Congresso. O próprio Sr. João Luís Ricardo disse no Congresso que se não tivesse medo que o matassem, muitas cousas teria a dizer.
Muitos àpartes.
O Sr. João Luís Ricardo: — V. Ex.ª está a referir-se a notícias vindas em jornais, que eu nunca desmenti, pois nunca me dou a êsse trabalho. Espero que o, tempo esclareça a verdade e me faça justiça.
V. Ex.ª não tem autoridade para fazer essas referências.
Muitos àpartes.
O Sr. Cunha Leal: — Eu fico esperando que V. Ex.ª demonstre a minha falta de autoridade.
Muitos àpartes.
O Sr. João Luís Ricardo: — V. Ex.ª deve conhecer-me bem para saber que eu, quando quero responder, o faço directamente, mas no caso presente nunca foi minha intenção melindrá-lo. A falta de autoridade a que me referi é autoridade política.
O Orador: — Dizia eu, Sr. Presidente, que, não obstante tudo isso, se insiste na velha acusação de chamar ao Partido Democrático perturbador e truculento, como se tal obra perturbadora e truculenta fôsse compatível com aquela tranquilidade de que o País goza há já dezassete meses, e de que, infelizmente, já estávamos tam desacostumados; como se essa obra de perseguição fôsse compatível com êsse espírito de moderação, do sacrifício pela causa pública, pelo interêsse de todos nós de que o Govêrno tem constantemente usado para conseguir essa estabilidade de ordem pública.
Sr. Presidente: eu há pouco preguntava onde estavam as vítimas dessas perseguições, onde estavam êsses casos perturbadores, e quando a esta questão, a estas acusações se dá um volume tam grande, nós vemos com surpresa que a montanha dá à luz um ratinho, porque a concretização dessas truculências resume-se a um caso passado no distrito do Funchal, a outro em Bragança e a outro em Oliveira de Azeméis, casos de carácter local, de resto, tradicionais da política dessas regiões, que sempre, em todos os tempos, foram assim, casos que já vêm do tempo da monarquia, porque já nesse tempo, nessas regiões, houve dêsses conflitos e incidentes, e a propósito me lembra agora que no Funchal, na Ribeira Brava, em 1880 e. tal, houve morticínios numas eleições.
O Sr. Pedro Pita: — Há um ôrro de memória de V. Ex.ª
E preciso reconhecer o direito de prioridade para o tempo em que era chefe do Govêrno o Sr. Barros Queiroz, ocasião em que o Sr. Américo Olavo foi lá quási chacinado.
O Orador: — São paixões típicas dessas regiões, que sempre, em todos os tempos e através de todos os regimes, deram lugar a que a política fôsse uma cousa conflituosa a que os Govêrnos têm procurado constantemente obtemperar e que talvez, devido à prudência dos governantes, ao seu bom sonso, se deve que êsses conflitos não tenham tido piores consequências,