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Sessão de 16 de Julho de 1923
O Orador: — O argumento do Sr. Cunha Leal tem em contra-partida a circunstância de ser receita o valor das notas a queimar.
Sabe V. Ex.ª e sabe o ilustre Deputado Sr. Cunha Leal que nunca se usou doutro processo para obras de fomento.
O Sr. Cunha Leal: — As despesas com as obras do pôrto de Loanda são provenientes dum empréstimo o há transferências de verbas.
O Orador: — Mas eu tenho aqui uma nota que vou ler à Câmara.
Leu.
O Sr. Cunha Leal: — Mas V. Ex.ª não cita os últimos empréstimos com que foram feitas as obras, estando assim a dar uma informação errada.
O Orador: — Além dêste material há ainda o que se pagou aos trabalhadores e empreiteiros.
O Sr. Cunha Leal: — Pois não há lá nem uma pedra.
O Orador: — Mas as obras estão iniciadas!
O Sr. Cunha Leal: — Como pode ser isso se não há um projecto nem um plano!
O Orador: — Nestes termos eu vou dar por findas as minhas considerações, pois nem quero cansar a Câmara, nem alimentar êste diálogo, lamentando que a paixão política tivesse provocado um ataque que a obra do Govêrno não merece.
Na certeza de que os partidos só se impõem pelos resultados da sua obra política; na certeza de que o Partido Democrático não moveu quaisquer azedumes ao Partido Nacionalista, ao, qual, pelo contrário, nós desejamos as melhores prosperidades, como partido da República que é; na certeza de que o Partido Democrático confia em que muitos dos homens que fazem parte dêsse partido muito podem ainda fazer em prol da República e em benefício do País; na certeza de que o Partido Democrático só deseja a realização duma obra de ponderação, do engrandecimento e de justiça, sem animosidades, sem retaliações e sem ódios, em que iodos se encontrem e se auxiliem no mesmo ardente desejo da salvação da República, eu tenho dito.
Vozes: — Muito bem.
O orador foi muito cumprimentado.
Lê-se, é admitida e entra em discussão a moção do Sr. Vasco Borges.
õ discurso será publicado na íntegra, revisto pelo orador, quando, nastes termos, restituir as notas taquigráficas que lhe foram enviadas.
Os àpartes não foram revistos pelos oradores que os fizeram.
O Sr. Cunha Leal: — Eu tenho pela inteligência do Sr. Vasco Borges o respeito que ela me merece, mas isso não mo impede de ter o direito de dizer a S. Ex.ª que, a argumentos filhos do meu estudo, se não responda apenas com palavras.
Aquilo a que S. Ex.ª chamou impulsividade, não passa afinal de simples revolta.
Eu não acusei o Govêrno com palavras, acusei-o com factos, e tam eloquentes que o ilustre Deputado, apesar dos seus esfôrços, não conseguiu sequer deminuí-los.
Mas, de que acusei eu o Govêrno? De intolerância e de perseguição; de intolerância pelo desrespeito e ofensa dos sentimentos do povo português; de perseguição pelos crimes cometidos pelos seus apaniguados e pelos seus delegados.
Apontei casos concretos, mas o Sr. Vasco Borges, representante da maioria, achou pouco; as violências, os atentados, as mortos, cuja responsabilidade cabem íntegras ao Govêrno, não são nada para o Sr. Vasco Borges.
Que série interminável de crimes desejaria S. Ex.ª para o levarem a associar-se comigo à indignada revolta que o atrabiliário procedimento do Govêrno tem gerado no espírito de toda a gente do bem?
Ah! Sr. Presidente. Eu ainda me lembro das violências do Peral; eu ainda me lembro das inflamadas acusações feitas aos govêrnos da monarquia pelos seus indecorosos processos eleitorais. Mas em