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Diário da Câmara dos Deputados
bem oposta à que orientou os seus pretensos imitadores de agora.
E, não contente com isto, o Govêrno Provisório, por decreto de 31 de Dezembro de 1910, interditou o regresso à sua Pátria de qualquer antigo membro da Companhia de Jesus, emquanto não tiverem decorrido vinte anos após o abandono da Companhia, e isto sob pena de serem condenados nos termos do artigo 263.º do Código Penal, isto é, em 2 a 8 anos de Penitenciária, como membros de associação de malfeitores!
Malfeitores?!
Como assim, se quási todos os países civilizados os permitem no seu território, e se tem sido reconhecida a existência legal da Companhia desde a sua fundação em 1540?!
Como assim, se os outros países os não desnacionalizaram; e, antes, em muitos, é assegurada personalidade jurídica à sua instituição e o domínio e posse do seu património, como sucede na República Brasileira, que deve a Rui Barbosa o notabilíssimo decreto de 7 de Janeiro de 1890, sôbre as relações do Estado com a Igreja?!
Como assim, Sr. Presidente, se, como referiu o distinto homem de foro Dr. Cunha e Costa, na própria República Francesa, que aqui tanto se procura imitar, foram mobilizados, na Grande Guerra, 855 jesuítas, dos quais 165 morreram em campanha, 359 foram condecorados e citados com 703 citações, havendo entre êles 353 Cruzes de Guerra, 90 cavaleiros da Legião de Honra, 60 medalhas militares, 6 medalhas de honra das epidemias, 1 medalha de gratidão francesa e 47 condecorações estrangeiras?!
São malfeitores êstes homens?! ou são malfeitores apenas os que nasceram e querem morrer em Portugal e são tratados como párias ou «indesejáveis», mas que foram encontrar no estrangeiro o agazalho que a sua própria Pátria lhes negou, emquanto cá dentro as associações comunistas têm sanção legal e os assassinos e ladrões gozam da impunidade!
Mas êstes, os jesuítas portugueses, têm também um passado a assinalar os altos serviços prestados,ao seu País na instrução; nas missões, e em campanha; e muitos foram os portugueses notáveis que pertenceram ao seu grémio, ou nele foram educados, como o padre António Vieira, D. Fernão Martins de Mascarenhas; bispo do Algarve; D. Rodrigo da Cunha, arcebispo de Lisboa e governador do Reino depois da revolução de 1640, D. Francisco Manuel de Melo, o padre Manuel Bernardes, Alexandre de Gusmão, notável diplomata; Ribeiro Sanches, Correia Garção e muitos outros.
E não poucos são os que hoje vivem ocupando posição de destaque na própria república e até no próprio Govêrno que foram educados em Campolide, S. Fiel e outros colégios, como nSo poucos foram os antigos alunos que, na última guerra, combateram heroicamente. Citarei, a título de exemplo, o malogrado capitão António Pinto da Cruz e Melo, meu companheiro em Campolide, que ainda há pouco recebeu, em homenagem póstuma, a Cruz de Guerra.
Pelo que diz particularmente respeito ao Ultramar, os jesuítas acompanharam sempre os navegadores e os guerreiros e muitas vezes os precederam, e ninguém pode, com sinceridade, contestar os «levantados serviços prestados nas missões pelos membros da Companhia de Jesus em favor da civilização e da soberania nacional.
Logo em 1540, D, João III instituiu na Índia uma missão, de que fizeram parte os companheiros de Santo Inácio do Loyola, Simão Rodrigues e S. Francisco Xavier, Apóstolo das Índias.
Nos domínios portugueses, houve desde tempos remotos, as missões de Goa (1542), Malabar (1601), e as do Brasil (1549), que constitui, porventura, o principal padrão da obra dos missionários portugueses. Em 1560 entraram em Angola, em 1565 em Macau, em 1604 em Cabo Verde e na Guiné e em 1607 no Maranhão.
E para se ver como era arriscada a tarefa dos missionários basta lembrar que só na China e no Japão foram assassinados 150 missionários portugueses.
Quando, em 1910, os membros da Companhia de Jesus foram expulsos de Portugal e seus domínios, muitos dos filiados na Província Portuguesa da Companhia de Jesus faziam parte das seguintes missões: Goa, no Seminário de Alepey, Residência de Belgão e Estação de Cochim;