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Sessão de 23 de Outubro de 1923
Na monarquia, em vez de se dizer tudo, abafavam-se os escândalos poio rocei o do que da verdade viés só mal ao regimo realista.
Na República é preciso fazer o contrário.
É necessário que só realizo o inquérito parlamentar a que se reabriu o Sr. Álvaro de Castro.
Mas, Sr. Presidente, o que não fazia sentido é que houvesse nesta questão só uma pessoa a ser sindicada.
E, Sr. Presidente, ou devo disser, em abono da verdade, que não fazia, sentido, pois a verdade é que, estando os dois envolvidos no mesmo caso, não é natural que o Ministro fizesse parto dos sindicantes.
A. minha opinião é de que se deve proceder a um inquérito parlamentar, e, assim, se o meu requerimento fôr aprovado para que o debate se generalizo, eu nessa altura apresentarei uma proposta nesse sentido, isto é, para que seja nomeada uma comissão de inquérito parlamentar, a fim de apurar o que há de verdade sôbre todo êste assunto.
Tenho dito.
O discurso será publicado na íntegra quando o orador tiver devolvido, revistas, as notas taquigráficas que lhe foram enviadas.
O Sr. Carvalho da Silva: — Sr. Presidente: eu devo dizer, em abono da verdade, que um país que chegou à situação aflitiva a que o nosso chegou, e que assiste a um espectáculo como êste a que temos hoje assistido, é caso, Sr. Presidente, para todos nós lamentarmos a sorte dêsse país, tanto mais quanto é certo que é êste o estado normal do regime em que vivemos.
Não vou usar do processo seguido por alguns republicanos, quando atacam os processos seguidos no tempo da monarquia.
Não, Sr. Presidente; nós dêste lado da Câmara não usamos dêsses processos, pois não desejamos, nem de leve, manchar a honra dos nossos adversários, porque entendemos que só respeitam a sua honra aqueles que respeitam a honra dos outros.
Disse o ilustre Imputado Sr. Cunha Leal, republicano de todos os tempos, e muito bem, a meu ver, que um país que sustenta aquilo que vem sustentando não tem o direito de viver.
Foi isto, pouco mais ou monos, Sr. Presidente, o que disse o Sr. Cunha Leal, num rasgo de sinceridade que muito o deve orgulhar.
Um- país que sustenta aquilo que vem sustentando é, na verdade, um país que não tem o direito de viver.
Além disso, nós ouvimos vários republicanos, e entro êles o Sr. Vasco Borges, o qual fez um brilhante discurso, dizendo tudo aquilo que é dito por todos os homens honrados como o Sr. Vasco Borges,
O discurso que o Sr. Vasco Borges fez sôbre os escândalos da Exposição do Rio de Janeiro pode S. Ex.ª entregá-lo novamente aos Srs. taquígrafos, substituindo as palavras «Rio do Janeiro» por «Casa da Moeda».
Os discursos que S. Ex.ª fez sôbre os escândalos dos Bairros Sociais pode o Sr. Vasco Borges, como pessoa honrada que é, mandá-los copiar à máquina para os distribuir, pois que terá muitas vezes de os repetir, quando se dão os repetidos escândalos desta República.
Àpartes.
Só faltaria ver que a República deixasse impunes, por paixão política, todos êsses escândalos criminosos, e que esta Câmara não tomasse agora uma acção dignificante para a República.
Sr. Presidente: Aquando chegará a hora em que todos os homens de bem, republicanos e monárquicos, se unam para afastar esta onda de lama que envolve o País?
O espectáculo da sessão do hoje é um espectáculo vergonhoso.
Àpartes.
O Sr. Carlos de Vasconcelos (Interrompendo): — É um espectáculo edificante, porque se vê a República entregar ao Poder Judicial dois homens suspeitos.
Apoiados.
Àpartes.
Sussurro.
O Orador: — Lamento que a paixão política leve homens como o Sr. Carlos de Vasconcelos a dizer que a sessão de hoje é dignificante, quando as suas palavras deviam ser de condenação.