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Diário da Câmara dos Deputados
Eu, que nunca fui senão republicano, tenho suficiente coragem e bastante autoridade para dizer que esta República de desordem não a quero.
Poderei por romantismo republicano morrer por ela, mas sempre com a ilusão de que é a Republica que eu sonhei, pois — a realidade, é confrangedora, e o que eu quero é uma cousa absolutamente diversa desta.
Mas, finalmente, o que eu quero é o que todos os bons republicanos desejam; e se nenhum de nós se bate por uma República de escândalos repetidos o de desordem administrativa, que é pior do que o escândalo, porque o permite, porque havemos de manter a desordem e porque havemos de parecer encobridores do crime!
Pois quê! não sentiremos nós a revolta moral que deriva de haver acusações constantes de crimes sem que apareça um único criminoso?
Havemos de assistir indiferentes a tudo quando de vergonhoso se vai passando, a todos êsses factos que causam a indignação de quem é honesto, factos me escuso de relembrar, mas que são bem estranháveis como, por exemplo, aquele a que se referiu agora mesmo o Sr. Vasco Borges, de terem sido convidados para um banquete oficial os indivíduos indigitados de actos irregulares praticados no Brasil em cuja honra era dado o mesmo banquete?
Havemos de nos conservar indiferentes à glorificação daquilo que nós dizemos que é um crime?
Porque não havemos de facilitar a tarefa que se impõe?
Porque não havemos de impor uma sanção moral?
Àpartes.
Sr. Presidente: não se trata de fazer política neste momento.
Apoiados.
Juro sob minha palavra de honra, que não é o Partido Democrático nem o Govêrno que procuro atingir com as minhas palavras.
Eu sinto que a primeira atitude do Sr. Ministro das Finanças é a de que vai demitir-se e pedir uma sindicância aos seus actos, afastando-se da Câmara.
Apoiados.
Também o primeiro acto do Sr. Lúcio de Azevedo, vítima ou não duma cabala,
será afastar-se do Parlamento até final solução da questão.
O primeiro acto do Parlamento será também prestigiar-se a si próprio, e apressar todos os inquéritos a que se está procedendo, como, por exemplo, o dos Transportes Marítimos.
Apoiados.
O Parlamento obrigará mesmo os sindicantes a trabalhar de dia e de noite para êsse fim.
Nestas condições, não posso deixar de votar o requerimento do Sr. Vasco Borges.
O Sr. Vasco Borges no seu requerimento, sob o ponto de vista das atribuïções parlamentares, não se limita a isso simplesmente.
Vai mais longe, querendo que a justiça atinja todos os culpados, para que a República e o Parlamento se dignifiquem.
Tenho dito.
O discurso será publicado na íntegra, revisto pelo orador, quando nestes termos restituir as notas taquigráficas que lhe foram enviadas.
O Sr. Jorge Nunes: — Sr. Presidente: quem ouvisse o Sr. Vasco Borges julgaria que dêste lugar da Câmara se quere abafar esta questão.
Àpartes.
Ninguém pode ver essa intenção na atitude tomada por êste lado da Câmara.
Apoiados.
Não foi também essa a intenção do Sr. Álvaro de Castro.
Apoiados.
Nós queríamos apenas que as palavras do Sr. Lúcio de Azevedo fossem ouvidas num inquérito extranho à vida parlamentar.
Àpartes.
Se é certo que continuo a entender que os Deputados, no exercício das suas funções públicas, não são obrigados a dar satisfação ao Parlamento, entendo também que quando o exercício das suas funções públicas toma um aspecto que contende com a moral, toma um aspecto que pode atingir a sua situação de parlamentar, nós não temos a possibilidade de cumprir o nosso dever abandonando a questão que se levante por tal motivo.
Àpartes.