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Diário da Câmara dos Deputados
Conclui-se, pois, das palavras de S. Ex.ª que o movimento que ontem alarmou a população de Lisboa, e que, segundo os jornais, todos supunham debelado, ainda prossegue, não está inteiramente debelado.
O Sr. Ministro da Guerra, falando claro à Câmara e ao País, entendeu do seu dever declarar que o Govêrno não podia vir, porquanto se encontrava preocupado com a ordem pública.
Por mim declaro que estou inteiramente satisfeito com as palavras do Sr. Ministro da Guerra.
Muitos apoiados.
O Parlamento tem o direito de saber tudo que se passa, nos mínimos pormenores, nas suas extremas minuciosidades.
É necessário que efectivamente as notícias sejam completas, esclarecendo inteiramente o País; porém o Govêrno, como fiel mantenedor da ordem pública, é que pode falar na hora que julgar oportuno e necessário.
Apoiados da direita.
Por agora não temos senão que aceitar as declarações do Sr. Ministro da Guerra, esperando a hora oportuna — e S. Ex.ª é o primeiro a acentuar que virá dizer tudo que souber — em que o Govêrno possa vir ao Parlamento dar todos os. pormenores dêsse movimento revolucionário.
Apoiados.
Então o Govêrno, virá dizer se neste incruenta é lícito a alguém, a quem quer que seja, fazer movimentos que perturbem a ordem pública.
Muitos apoiados da direita.
Não vai o momento para perturbações de qualquer ordem.
Estamos numa situação económica e financeira que não admite hesitações no regulamento de todos os movimentos de desordem.
Todavia governar não- é reprimir; e prevenir e evitar.
Apoiados da esquerda.
O Sr. Ministro da Guerra acaba de declarar à Câmara — e o País o há-de ouvir -que, neste momento, o Govêrno não pode ainda dar explicações completas ao Parlamento.
Esta afirmação terminante de S. Ex.ª diz-me tudo quanto, por agora, desejava saber.
Apoiados da direita.
Mas diz-me, também, que a ordem, pública não está inteiramente assegurada.
Para que. ela o seja, de facto, tem o Govêrno o meu voto.
Muitos apoiados.
Tenho dito.
O discurso será publicado na íntegra, revisto pelo orador, quando, nestes termos restituir as notas taquigráficas que lhe foram enviadas.
O Sr. Ministro da Guerra (General. Carmona): — Antes de mais nada, devo dizer que o Govêrno não comunicou à Câmara que não compareceria à sessão, mas sim que compareceria quando isso lhe fôsse possível.
Quanto à possibilidade do Govêrno ter evitado a eclosão do movimento, quere-me parecer que ela não existia. Como podia, o Govêrno adivinhar o carácter do movimento, os seus planos e os seus fins, para o ter evitado?
O Sr. Nuno Simões: — É para isso que? existe a polícia.
O Orador: — Mas S. Ex.ª sabe muito bem que as informações fornecidas pela polícia ao Govêrno são por vezes tam contraditórias que tornam impossível fixar uma orientação.
O Govêrno, conhecedor de que se preparava um movimento de carácter revolucionário, fez apenas o que podia fazer:; tomou aquelas medidas que julgou necessárias e eficazes para garantir a ordem pública, e a prova de que acertadamente andou, está na rapidez com que foi jugulada a sedição de ontem.
Apoiados.
Tenho dito.
O Sr: Agatão Lança: — Sr. Presidente: há pouco eu limitei-me a preguntar a V. Ex.ª se na Mesa existia alguma comunicação sôbre a vinda do Govêrno a esta casa do Parlamento. E disse ainda que o Govêrno tinha o imprescindível dever de o fazer, a fim de nos dar e ao País claras e detalhadas explicações sôbre os acontecimentos da noite de ontem.
Desde, porém, que o Sr. Ministro declarou à Câmara que o Govêrno, por motivos graves de ordem pública, não podia comparecer, eu, que tenho sido em todas