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Sessão de 11 de Janeiro de 1924 23

ia remediar o caso, mas não me consta que tivesse tomado providência alguma a êsse respeito.

Mas, além dêstes 1:300 contos, como disse, existe no Ministério das Colónias um depósito de 600 contos, à ordem de Cabo Verde, para ocorrer às despesas dessa província na metrópole.

Apesar disso, porém, os funcionários de Cabo. Verde também não têm recebido os seus vencimentos, e eu pregunto ao Sr. Ministro das Colónias se êsses 600 contos, que foram aqui recebidos, ainda não há três meses, também foram desviados.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Ministro das Colónias (Mariano Martins): — Sr. Presidente: respondendo ao ilustre Deputado, Sr. Carlos de Vasconcelos, devo dizer a S. Exa. que não conheço os motivos do desvio dos 1:300 contos, que estavam depositados à ordem de Cabo Verde, para a província de Moçambique, se bem que não ignorasse o facto.

Quanto ao que S. Exa. diz, de estar determinada quantia depositada pela província de Cabo Verde, na Caixa Geral de Depósitos, devo declarar que não há ali qualquer depósito.

Se lá estivesse êsse dinheiro, eu não hesitaria, por um dever de humanidade, em utilizar-me dele para pagar aos funcionários civis e militares das colónias.

Depois, logo que as cousas se normalizassem, faria reentrar êsse dinheiro em depósito.

Entretanto cumpre-me informar que já tratei do assunto com o Sr. Ministro das Finanças, para se providenciar por maneira a que êsses desgraçados funcionários não continuem na situação de não receberem os seus vencimentos.

O orador não reviu.

O Sr. Sá Pereira: — Sr. Presidente: chamo a atenção do Sr. Ministro da Guerra, com quem não tenho a honra de ter relações pessoais, mas que as minhas informações particulares me afirmam ser um soldado valoroso e uma alma bem republicana e bem patriótica, o que não é para admirar, visto que já seu pai demonstrou, quando coronel, que sabia bem servir a Pátria e a Republica, porque foi

S. Exa. o primeiro, num momento bem perigoso para as liberdades públicas neste País, a desembainhar a espada para combater a ditadura dezembrista;— chamo a atenção do Sr. Ministro da Guerra para duas reclamações de republicanos que chegaram ao meu conhecimento.

A primeira é a seguinte: dizem-me que na divisão militar de Viseu ainda se encontram guardadas algumas bandeiras monárquicas que serviram na Traulitânia e que não deviam ali conservar-se, mas num museu, para triste recordação dêsse tempo que passou.

A outra reclamação é que me consta que em Carrazeda de Anciães se deu um facto bastante anormal e contrário à disciplina militar, entre o Sr. tenente Múrias e um cabo da guarda republicana, facto que é o seguinte: o cabo da guarda, por qualquer motivo que desconheço, apreendeu uma pistola que, parece, pertence ao referido oficial, pelo que êste foi ao pôsto reclamá-la, dizendo-lhe o cabo que não lhe podia fazer entrega da pistola senão pelas vias competentes; então, o oficial, valendo-se dos seus galões, mandou-o pôr em sentido, obrigando-o depois a entregar a pistola, e não ficando ainda satisfeito com isso disse que brevemente passaria para a guarda e depois se vingaria.

Protesto contra êstes dois factos e estou certo que V. Exa. vai imediatamente proceder.

Apoiados.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Ministro da Guerra (Ribeiro de Carvalho): — Sr. Presidente: em primeiro lugar cumpre-me agradecer as palavras amáveis que o Sr. Sá Pereira teve não só para comigo mas para com meu pai. As que se me referem, não posso atribuí-las senão a uma benevolência da sua parte; e as que se referem a meu pai muito sensibilizaram o meu amor de filho.

Quanto às reclamações apresentadas por S. Exa., devo dizer que as bandeiras monárquicas julgo que já recolheram ao Museu de Artilharia, e relativamente ao caso disciplinar vou mandar proceder a averiguações, dizendo depois o resultado a que se chegar.

Apoiados.

O orador neto reviu.