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20 Diário da Câmara aos Deputados

missário com uma prxojectada viagem a Catanga e que se estenderia até o Cabo.

O Sr. Rodrigues Gaspar não respondeu e teve a sinceridade de declarar que eu o tinha submetido a um exame, mas que estava em branco.

S. Exa. ignorava tudo, de nada sabia!

Ouvi o Sr. Nuno Simões e outra pessoa de competência sôbre o assunto e resultou ficar no meu espírito a impressão da dúvida.

Uns afirmaram que essa obra era perniciosa, outros o contrário. Nessas condições, resolvemos não mais tocar no assunto para que se não dissesse que se tinha praticado uma injustiça. Quando se discutiu o orçamento do Ministério das Colónias, limitei-me a chamar a atenção do Sr. Ministro para os encargos que êsse documento trazia.

Não tenho interêsses em Angola nem conheço pessoalmente o Sr. Alto Comissário, mas o Sr. Cunha Leal, a propósito da publicidade, leu documentos, declarando ao mesmo tempo que o saco ainda não estava vazio e que os documentos que lera eram os próprios originais dos recibos dos jornais O Século e Q-Mundo.

O que era natural em face disto, era que o Sr. Ministro das Colónias e o Alto Comissário dissessem a quem cumpria a responsabilidade dêste grande escândalo, visto que êle representa desperdício de dinheiro do Estado, que nenhuma lei ou moral podem autorizar.

Não se diga que o Sr. Norton de Matos, Deputado, nada tem que ver com o Alto Comissário de Angola, porque eu não admito que as personalidades oficiais se possam dividir em duas partes para o efeito das suas responsabilidades e qualidades.

S. Exa. pode aqui dizer da sua razão, pois o precedente está aberto com o caso da Exposição do Rio de Janeiro e o caso da Casa da Moeda.

Desde que o Alto Comissário passa por suspeito neste caso, o país espera explicações, porque o dinheiro gasto não é de Angola, nem do Alto Comissário, mas de todos nós.

Apoiados.

Sr. Presidente: já que o Alto Comissário não fala, é necessário que o Ministro
das Colónias diga com que direito se dispõe do país para se comprar a opinião dos jornais.

Apoiados.

Se a obra do Alto Comissário é boa, que necessidade há de comprar a opinião dos jornais?

Um homem que tem a consciência da sua justiça que necessidade tem de ir ao Século comprar artigos a 10$ a linha?

Apartes.

Sr. Presidente: a modéstia dêsse funcionário é tam grande, que entende que os jornais a devem apregoar, ou então tem a consciência de ter cometido qualquer falta, e necessita ir comprar os jornais para o defenderem.

Apoiados.

Não sabemos quem tem responsabilidades dêstes factos, e assim eu insisto para que o Sr. Ministro das Colónias diga quem é o culpado.

Apartes.

E necessário que se diga por que lei o culpado dispõe do dinheiro do Estado para comprar a consciência dos outros a seu favor.

Sr. Presidente: terei muitas ocasiões para mostrar quê o Alto Comissário de que se trata tem qualidades para fazer uma obra necessária ao desenvolvimento da província de Angola.

Sr. Presidente: para terminar as minhas considerações repito o que disse ontem, que é necessário, que o pais sofra de uma acentuada depressão moral, que a minha Pátria sofra deficiências de caracteres, de uma parcialidade revoltante, para não dizer uma aberração moral, para que, depois de tais afirmações, a nação não se levante a exigir responsabilidades a êsse Alto Comissário, e que êle continue um dia que seja, sem dar explicações ao país, sejam quais forem as suas obras e virtudes, ou crimes.

Ou êsse homem se explicava ou, no dia seguinte, não seria já Alto Comissário de Angola, ou deixaria o poder o Govêrno que tentasse encobrir as suas responsabilidades.

O Sr. Álvaro de Castro afirmou há pouco que os actos do Alto Comissário de Angola se impunham por si. Ou o Sr. Presidente do Ministério sabe qual é a lei que autoriza a comprar a consciência