O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

28 Diário da Câmara dos Deputados

cimento que teríamos de importar do estrangeiro.

Devo dizer, como necessário esclarecimento, que não me ligam a essa empresa interêsses de qualquer ordem.

A responsabilidade, pois, da situação tremenda que o país atravessa pertence a quem do direito.

Sr. Presidente: o Sr. Álvaro de Castro devo ter ouvido bem aquilo que lealmente, sinceramente e patriòticamente lhe disseram, indicando-lhe quais são as séries de medidas em conjunto que tem de estudar o ver aquilo que no país tem produzido o estado em que nos encontramos.

Mas tudo isto é para ser tratado cuidadosamente, e as suas conseqüências não se compadecem com a situação aflitiva em que o País se encontra neste momento, quando a libra vale 151$, o que não se compreende senão por causa da desconfiança provocada pelo aumento da circulação fiduciária e pela especulação desenfreada.

O meu querido amigo Sr. Barros Queiroz, com o bom senso que o caracteriza, apresentou à Câmara argumentos para mostrar que se faz neste momento ama especulação auti-patriótica. E por isso que S. Exa., o Sr. Álvaro de Castro, vai ter na mão um instrumento que lhe vai dar a Câmara, igual a tantos outros que já tem dado, e oxalá S. Exa. o saiba usar devidamente para pôr cobro à marcha desenfreada da especulação cambial.

O Sr. Carlos Pereira, com aplauso de toda a Câmara, disse que nada há que justifique que, os Bancos vivam apenas dá compra e venda de cambiais. Realmente, o negócio é tam bom que vemos constantemente casas de outro negócio a transformarem-se em casas bancárias. Ora isto não pode ser!

Apoiados.

O Sr. Tôrres Garcia: — Toda a gente sabe que há dois bancos, pelo menos, que só vivem dessa especulação, e os seus lucros vão inteiramente para Londres.

O Orador: — Todos nós sabemos muitas cousas, e há, contudo, quem julgue que quanto pior melhor. Eu não entendo assim e julgo que devemos fazer o pos-

sível para sair quanto antes da beira do abismo.

Apoiados.

O Sr. Carlos Pereira disse também à Câmara que, desde que tanta cousa se monopoliza neste país, não compreende que o Estado não seja a única entidade que possa comprar e vender cambiais (Apoiados}, por intermédio do Banco do Portugal ou da Caixa Geral de Depósitos.

Se o Govêrno fizer isto, será possível que, em matéria de contrabando, alguma cousa continue a fazer-se, mas o contrabandista tem no Código Penal as sanções necessárias.

Depois é preciso que, de facto, aqueles que careçam da compra de cambiais para necessidades da sua vida comercial tenham junto daqueles que as hão-de fornecer todos os elementos de informação.

Estou certo de que nem assim se poderá resolver fundamentalmente o problema, mas estou convencido de que, só se estudar atentamente a questão, alguma cousa sé conseguirá.

Falou o Sr. Carlos Pereira em crédito agrícola e em crédito industrial.

Ora, a propósito, desejo preguntar ao Govêrno o que faz uma companhia que existe entre nós, e que se chama «Companhia Geral de Crédito Predial Português», quais são as vantagens que o Estado tira das concessões que lhe fez, e quais os benefícios que ela, presta ao país.

O Sr. Francisco Cruz (interrompendo): — V. Exa. dá-me licença?

Há, por exemplo, o Crédito Agrícola, ao qual, apesar de ter um objectivo muito importante, o Estado não dá nenhuns meios.

O Orador: — Eu estou inteiramente de acordo com as considerações produzidas pelo Sr. Carlos Pereira, e apraz-me registar que o seu discurso foi verdadeiramente patriótico e anti-bolchevista.

O que até hoje se tem feito é uma obra negativista.

Sr. Presidente: vou terminar com mágoa minha, não porque tenha prazer em fazer discursos, mas porque neste assunto, que considero de grande magnitude, tinha também de expender a minha opinião.