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Sessão de 17 de Janeiro de 1924 27

Por motivo da guerra submarina poucos navios navegavam.

Portugal, que importava tantas toneladas de carvão, viu deminuída a sua importação e teve de sujeitar-se a uma restrição, tendo de resolver o seu problema do consumo de carvão.

Essa restrição e essa economia de compra de carvão fizeram-se independentemente da vontade dos homens.

Importam-se e compram-se artigos de luxo de que não há necessidade nenhuma.

O Marquês de Pombal vestia-se de briche.

Apartes.

A respeito de artigos do luxo, restrinja-se nesse sentido.

Há, de lacto, um problema grave.

O numerário que há não chega para as necessidades da agricultura e da indústria.

Esta falta de numerário poderá explicar-se por várias razões e, como somos um País surdo e mudo no sentido de não termos estatísticas, somos obrigados a procurar, a golpes de vista, essas razões.

E evidente que nestes últimos anos se tem dado no País um grande desenvolvimento industrial.

Uma grande massa de capitais circulantes foi convertida em capital fixo. Como em capital fixo se não pode reproduzir com a velocidade que seria para desejar, sucede que êsse numerário desaparece para o giro económico.

Como obstar a isto?

Seria o Govêrno pensar no crédito agrícola o industrial, mas em larga escala, e por conta do Estado.

A emissão dêsse crédito teria a sua natural garantia ha reserva constituída pelas terras, propriedades e oficinas.

Que Portugal saiba também escolher qual é o mas que deve adoptar para se defender.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Fausto de Figueiredo: - Sr. Presidente: seja qual fôr o tempo que se perca e sejam quais forem os sacrifícios de jantar que se sofram, o problema é neste momento aquele que mais interessa a todos nós. Arranquemos a máscara a todos aqueles que lá fora, encobertamen-

te, contribuem para o descalabro que nos arruina.

Não falo aqui por obstrucionismo, falo porque entendo que devo falar. Chegou o momento de dizer a V. Exa. que a sessão do hoje esteve à altura dum Parlamento que se preza e quere dignificar-se; oxalá que o Govêrno estivesse atento aos conselhos, às indicações que lhe deram. E necessário que o Govêrno diga se se sente ou não animado, se se sente ou não com a coragem de enfrentar os problemas que tem como conseqüência lógica êste começo de ruína.

Sr. Presidente: disse eu e é verdade que o Parlamento esteve nesta sessão à altura de um Parlamento que se honra e dignifica; a propósito, e muito bem, da questão levantada pelo Sr. Nuno Simões fizeram-se aqui afirmações, apresentaram-se aqui razões e fundamentos que a Câmara tem obrigação restrita de não esquecer.

Falou o Sr. Cunha Leal, falou o Sr. Barros Queiroz com aquela autoridade dum perfeito homem de bem, com talento e sabor que evidentemente tem demonstrado a todos nós, demonstrando ao Govêrno que, se o problema da nossa vida financeira não é insolúvel, êle carece de estudo a fim de que as características que êle apresenta sejam apreciadas e discutidas convenientemente.

Há que fazer acto de arrependimento pelo que se vem passando há anos a esta parte com relação à vida económica dêste país; que se arrependam, que arrepiem caminho, porque ainda é tempo para isso, os que têm responsabilidades.

Seja quem fôr.

Não se diga amanhã que a uma indústria que é honesta, e que, no louvável propósito de melhorar a vida económica do país, vem à Câmara pedir qualquer pequeno favor, êsse favor se recusou, como aconteceu há pouco tempo com a Fábrica de Cimentos de Leiria, que veio pedir à Câmara uma cousa tam mínima e insignificante como era o adiamento por seis meses do pagamento de 300.000$ de direitos de importação de certos maquinismos, pedido que não foi atendido. A proposta referente a êsse pedido está ainda no Senado, aguardando discussão.

Se essa empresa paralisasse as suas fábricas, seriam mais 30:000 toneladas de