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22 Diário da Câmara dos Deputados

déficit com as cambiais, mas o que não faz é responder pelo negrume do futuro que nos espera.

Eu não tenho a certeza de que o Sr. Presidente do Ministério tenha uma grande estabilidade; e não sei se será lícito criar tam grande dificuldades, ao seu sucessor!

O Sr. Portugal Durão, quando Ministro das Finanças, negociou um acordo com o Banco de Portugal que lhe permitiu o aumento de 20:000 contos de circulação fiduciária por cada 70:000 que fossem concedidos ao Estado. A Câmara aprovou-o. Mas toda a gente viu que, quando Aqui veio pedir-se que se aplicasse ao Banco de Portugal o mesmo regime - que se aplicava à prata do Estado — o que devo dizer', agora que não sou Ministro das Finanças, é absolutamente - justo — isso foi recusado pela Câmara. Assim eu, que conheço muito bem o espírito da Câmara — para amigos mãos rotas, e para adversários tudo passado por uma fieira! — fiz uma cousa muito simples: demonstrei a minha verdade, e foi tanta a minha convicção que fiquei com a certeza de que a assemblea geral do Banco de Portugal, no desejo certamente de bem servir o país, me daria completa satisfação.

Mas V. Exa., Sr. Presidente do Ministério, que pode dispor de uma maioria, com a qual pode fazer tudo, desde a inundação pelais éguas do mar do próprio Parlamento, até ao esmagamento, da mesma maioria, fazendo cair lá de cima os andaimes que lá estão, fez uma cousa que eu não fiz: eu sujeitei-me a uma recusa da assemblea geral do Banco de Portugal e V. Exa. impõe-lhe determinadas disposições, saltando até por cima da sua lei estatutária.

Apoiados.

O Sr. Presidente: — Deu a hora de se encerrar a sessão. V. Exa. deseja terminar o seu discurso, ou quere ficar com a palavra reservada?

O Orador - Fico com a palavra reservada.

O discurso será publicado na integra, revisto pelo orador, quando, nestes termos, restituir as notas taquigráficas que lhe foram enviadas.

O Sr. Sá Pereira: — É para dizer que, se estivesse presente na ocasião em que foi proposto um voto de saudação ao Papa, não me teria associado a êle. Direi também ao Sr. Ministro da Agricultura que é de estranhar que S. Exa., em vez de se dirigir às autoridades que tem ao seu dispor, governadores civis e administradores do concelho, tivesse enviado uma circular aos bispos para que exercessem a sua influência a fim de contribuírem para facilitar o problema do abastecimento junto dos habitantes das dioceses.

Deploro êstes actos; que dão a impressão no País de que estamos vivendo numa situação perfeitamente reaccionária.

O orador não reviu.

O Sr. Ministro da Agricultura: — Desejo responder ao Sr. Sá Pereira, dizendo que quando tomei posse dêste Ministério, e me propus tratar do problema do abastecimento, chamei o lavrador ao manifesto do trigo, o que tinha de ser feito por indicação das autoridades administrativas. E para isso oficiei ao Sr. Ministro do Interior para que fossem dadas instruções aos governadores civis, administradores do concelho nesse sentido, e ao Sr. Ministro da Instrução para ser pedido aos inspectores primários do País para fazerem ver a êsses povos, que era do seu interêsse êsse manifesto.

Dentro dos mesmos princípios foi pedido aos bispos das diferentes dioceses que têm influência junto das classes para sôbre êsse manifesto exercerem também a sua propaganda.

Se mais tivesse a quem dirigir-me não deixaria de o fazer.

Exagero a minha função: chamar todos os poderes a colaborarem numa obra útil.

Um bispo, por ser bispo, não deixa, de ser português.

Apoiados.

Êles honram as dioceses a que pertencem, porque mo vieram dizer que confiavam na atitude do Ministro da Agricultura, no seu espírito patriótico, e que estavam prontos a colaborar.

Eu não procederei doutra maneira custe o que custar.

O orador não reviu.