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16 Diário da Câmara dos Deputados

Mas arranjar um acôrdo era que não há harmonia das partes que acordam é mais do que puro bolchevismo, porque chega a ser expropriação sem garantias.

Ainda compreendia que o Sr. Presidente do Ministério sozinho tomasse a responsabilidade dêste gravíssimo caso; mas arrastar consigo a responsabilidade do Parlamento é que não pode ser.

Se o Govêrno quero ficar livre para fazer tudo quanto entenda, justo será pre-guntar:

Para que estamos nós aqui?

Dizia-se antigamente que era um crime pagar os déficits com aumentos de circulação fiduciária.

Suponhamos que é assim.

Mas nunca povo nenhum pensou em vender as suas reservas de ouro e prata para pagar o déficit da sua balança económica.

Todos os povos estão agarrados a essas reservas, como cada um de nós pode estar agarrado àqueles objectos de ouro e prata que herdou dos seus maiores.

Pois o actual Ministro das Finanças de Portugal entende que deve pagar o déficit com o produto na venda do ouro e prata!

No meio dêste pavor, vem o Sr. Almeida Ribeiro, ingénua e sentimentalmente, apresentar-nos o seu artigo novo.

Parece que não sabemos que tendo havido em determinada época um aumento de circulação fiduciária, isso aqui se negou até à última.

Negava-se sem respeito pela verdade dos números, negava-se descaradamente, permita-se-me o termo.

Não podemos pois deixar de nos entristecer pelo facto de vermos que homens do valor mental e moral do,Sr. Almeida Ribeiro ainda querem emprestar 1 centavo da sua inteligência à continuação de uma mistificação.

Já aqui se disse que era bom abrir um debate especial sôbre os decretos do Sr. Presidente do Ministério.

E foi S. Exa. quem disse isso.

Eu concordo com a sua opinião.

É preciso que êsse debate se faça antes de terminada a discussão da proposta de autorizações.

Sr. Presidente: a situação não se resolve pelo processo de atirar decretos à cara do próximo, como quem atira pedradas.

Para caminhar com segurança é necessário não ofender a consciência jurídica da Nação.

O que se fez com o juro do empréstimo de 6,5 por cento é um êrro tremendo.

Apoiados.

É a falência!

E o golpe de morte no crédito do Estado!

É a bancarrota por partes!

A responsabilidade dêsse êrro deixamo-la intacta a êste Govêrno.

Não tenho nenhum propósito político de ferir o Sr. Presidente do Ministério.

Respeito-o como republicano, mas chego a duvidar de que tudo quanto faz o faça por convicção; chego-me a convencer de que tudo quanto faz o faz apenas por uma paixão.

Tenho dito.

O discurso será publicado na integra, revisto pelo orador, quando, nestes termos, restituir as notas taquigráficas que lhe foram enviadas.

O Sr. Fausto de Figueiredo: — Tenho a responsabilidade de ter apoiado com o meu voto os actos do Govêrno presidido pelo Sr. Álvaro de Castro, pois tenho a responsabilidade de ter votado as autorizações conferidas pelo Parlamento ao Govêrno presidido por S. Exa.

Que ninguém veja nas minhas palavras a mais leve sombra de crítica às afirmações produzidas por todos aqueles que nesta Câmara se têm pronunciado sôbre o assunto, em discussão. Todos, absolutamente todos, chegaram à conclusão a que eu já cheguei: que não é possível discutir com rapidez, com conhecimento de causa e com urgência os assuntos aqui trazidos e que são absolutamente indispensáveis à vida do país.

Sr. Presidente: não me arrependo de ter dado o meu voto à proposta apresentada pelo Govêrno para se lhe darem autorizações no sentido de obviar ràpidamente a êste incidente máximo da situação cambial agravado todos os dias em condições as mais terríveis.

Não pertenço a nenhum partido, não tenho que dar satisfações dos meus actos senão a mim próprio; procedo com liberdade de acção, com uma isenção que se compadece comigo próprio o que nem sempre acontece a todos os homens por maior