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Sessão de 20 de fevereiro de 1924 24

não há possibilidade; tive portanto de importar o trigo exótico, considerado necessário.

Trazer o trigo do País para Lisboa sai muito mais caro. A necessidade aumentava dia a dia, e por isso o mandei importar mais barato.

Reconhece-se o que isto representa de sacrifício, quando se quere manter um produto tam necessário,

Porque se não fez a compra de trigo quando se podia comprar abaixo da tabela?

A responsabilidade não é minha, já encontrei essa situação.

A situação passou e, infelizmente, já não é hoje a que foi então.

Preguntou-me S. Exa. se eu conhecia uma proposta que houve de farinha americana.

Conheço-a de tradição, pois êste assunto foi tratado quando sobraçaram a pasta da Agricultura, sucessivamente, os Srs. Joaquim Ribeiro e Vasconcelos e Sá.

Essa proposta não interessou êstes Ministros sob o ponto de vista moral, e por isso puseram-na de parte. Entendo que S. Exas. fizeram muito bem, porque, a termos de importar alguma cousa, não é farinha, mas sim trigo.

Além das fábricas de moagem que existem no País, temos a Manutenção Militar para a farinação do trigo.

Apoiados.

Preguntou ainda o Sr. Tavares de Carvalho se a Manutenção Militar aumentou o preço das farinhas.

S. Exa. compreende que, estando a viver num regime de trigos de várias colheitas, ora trigo exótico, ora trigo rijo, ora trigo mole, para estabelecer os diagramas legais, foi preciso aumentar os preços.

Deve ter sido esta a justificação dessa alteração, que a Manutenção Militar fez aos preços das farinhas.

Preguntou depois S. Exa. o que tem feito a comissão do regime cerealífero.

Ainda não ouvi esta comissão, mas sei que essa comissão auxiliada nos seus trabalhos pela dedicação do Sr. Vasconcelos e Sá, tem tido algumas sessões, e dos seus estudos tem resultado grande aproveitamento.

Os trabalhos dessa comissão só serão públicos quando ela apresentar o seu re-

latório, e nessa altura eu trarei à Câmara uma proposta de lei sôbre o assunto.

Referiu se também S. Exa. à falta de pêso e má qualidade do pão.

Reclamação idêntica já foi há dias apresentada fia outra casa do Parlamento, e devo declarar que ainda hoje dei ordens para que a fiscalização se exerça duma maneira, rigorosa, diferente da forma como ultimamente vinha sendo exercida.

É certo que não há quem peso pão hoje em Lisboa. Aí tem a Câmara uma das modalidades da desmoralização a que há pouco fiz referência.

Porque é que o consumidor não exige sempre que lhe pesem o pão? A cada um de nós cabe o dever de exercer a própria defesa.

Em todo o caso dei também as minhas instruções neste sentido, e estou certo de que elas darão resultado.

O Sr. João Camoesas (interrompendo): — Seria interessante V. Exa. dizer o que pensa acerca da melhoria de produção de trigo em Portugal.

O Orador: — A questão está estudada no campo técnico. Eu sou dos que acreditam que o País pode bastar-se a si mesmo.

Nesse sentido se está trabalhando a fim de se conseguir um melhor apuramento de sementes e que a produção possa ser o dôbro do que é hoje em certos locais.

Sr. Presidente: aqui tem V. Exa. o que penso tecnicamente sôbre êste assunto.

Tenho dito.

O discurso será publicado na integra, revisto pelo orador, quando restituir, nestes termos, as notas taquigráficas que lhe foram enviadas.

O Sr. Tavares de Carvalho: — Sr. Presidente: pedi a palavra apenas para agradecer ao Sr. Ministro da Agricultura as explicações que acaba de dar-me. Espero que S. Exa. tenha a energia necessária para poder modificar êste estado de cousas que é insuportável, subindo na a dia os preços de todos os géneros mais necessários à vida.

Tome S. Exa. as medidas que entender, ainda as mais enérgicas, mas não