O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

Sessão de 20 de Fevereiro de 1924 19

é a administração da nossa colónia de Angola.

O que se tem gasto em obras do reconstrução, em obras de embelezamento e de novas construções para o palácio do Govêrno Geral, não se pode fixar à face das contas publicadas porque elas nada representam de verdade, como demonstrarei.

Essas contas foram fecbadas sem incluir nelas as contas dos 14 distritos de Angola.

Queria-se toda a grandeza e então o que se fez?

Leu.

Nada falta assim no palácio de Loanda. Até possui uma fabrica de gelo! Mas os doentes que estão no hospital sofrem nos seus tratamentos por falta de gelo, visto que o estabelecimento não goza da situação de ter uma fábrica do artigo que não falta todavia no palácio do Govêrno Geral.

Quando se fala aqui nas despesas com automóveis do Estado, deveríamos ver que isso é nada em relação ao que se passa em Angola.

Ao serviço do palácio do Govêrno existem os seguintes automóveis:

Leu.

Não há para o serviço de fiscalização um barco que preste, mas comprou-se por 600 libras um barco gasolina para o Alto Comissário, pois S. Exa. tem a mania das grandes velocidades.

E o Congresso de Medicina Tropical realizado em Loanda?

Sabe alguém na metrópole quais foram as despesas efectuadas com êsse Congresso?

Foi uma parada de luxo, que se compreenderia quando feita por um País próspero para mostrar a sua riqueza, mas não por uma província pobre, que está isolada da metrópole por virtude de diferença da sua balança económica.

Dá bem a nota do que foi êsse famoso Congresso um facto que resumidamente vou expor à Câmara.

Alugou-se um barco, creio que foi o Lourenço Marques, à razão de trinta contos por dia quando estivesse parado, e mais trinta contos por dia para carvão quando navegasse!

Sussurro nas galerias.

Chegaram a Loanda os congressistas e os que eram casados foram com as res-

pectivas esposas instalados em casa dos funcionários e outros distribuídos pelos hotéis, tudo, é claro, à custa de Angola. Houve passeatas de automóvel, opíparos jantares e ceias que meteram espargos e Champagne, etc., etc. Nesta orgia gastaram-se cêrca de quatro mil contos!

Sussurro.

Não censuro o Sr. Alto Comissário por receber bem os seus hóspedes; o que censuro ou lamento é que os não tenha recebido à sua custa!

Apoiados da direita e sussuro nas galerias.

Mas há mais. Um dia, S. Exa., o Alto Comissário, vai de automóvel a uma terra da província, e no caminho o carro atolou-se e foi necessário chamar alguns pretos para o desatolar.

Sabem V. Exas. o que fez S. Exa.? Mandou ao secretário de finanças a seguinte ordem:

Leu.

Não será caro desatolar um automóvel por 1 500$?

Reparem V. Exas. neste meu automóvel meu, que se aplica indiferentemente ao que se atolou e ao que veio para Lisboa! Êste meu aplica-se a tudo que é da província. Numa entrevista dada a um jornal belga fala-se das minhas fronteiras, dos meus pretos, da minha Angola.

E agora vem ao meu espírito a razão por que é que tanto incomodou a certas pessoas a minha interpelação: e porque eu ia tocar numa cousa que não é nossa, que não é de nós todos, porque Angola é do Sr. Norton de Matos!

Apoiados da direita.

Mas há mais. Instalou-se em Ampata um campo de aviação, onde se gastaram muitos contos de réis, e o Sr. Alto Comissário, como a província nadava em {Unheiro, lembrou-se de mudar êsse campo para Lubango. Assim se fez, gastando-se rios de dinheiro. Mas que importa, se a ordem é rica e os frades são apenas 30:000?

No seu discurso proferido na Câmara Legislativa de 23 de Setembro de 1923 S. Exa. disse o seguinte:

Leu.

Não por culpa do Alto Comissário, que está acima dessa suspeita, mas por culpa da política de desperdício e falta de regras de contabilidade!