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Sessão de 21 de Fevereiro de 1924 19

ra pelo Sr. Cunha Leal não tivesse o mais pequeno conhecimento; suponho mesmo que os meus antecessores o não tiveram.

Felizmente, encontra-se, na metrópole o Alto Comissário visado na interpelação; embora êle não possa responder como Alto Comissário, mas como Deputado, poderá elucidar a Câmara; suponho até que S. Exa. pedirá á palavra...

O Sr. Norton de Matos: — Peço a palavra ao abrigo do § único do artigo 135.° do Regimento.

O Orador: — S. Exa. elucidará a Câmara, como Deputado, sôbre os seus actos de Alto Comissário...

O Sr. Carvalho da Silva: — Peço a palavra para um requerimento.

O Orador: — Não posso neste momento formular uma opinião geral; eu precisava ler todos os assuntos versados e que devem fazer parte do compte rendu da sessão, só assim, com um estudo demorado, é que se poderia fazer uma idea perfeita dos assuntos tratados.

O que posso desmentir desde já é que o artigo publicado no «African World», a que se referiu o Sr. Cunha Leal, seja da autoria do Sr. Norton de Matos, como S. Exa. pareceu concluir, dando conhecimento à Câmara dum pedaço dêsse artigo, escrito pelo punho do Alto Comissário de Angola.

Trata-se duma tradução dêsse artigo, que se poderá ver pela construção da frase e não do seu original.

Ora, eu devo fazer justiça ao elevado patriotismo de Sr. Norton de Matos.

S. Exa. era absolutamente incapaz de mandar publicar, em qualquer jornal, qualquer cousa que fôsse deprimente para os nossos sentimentos nacionais.

Muitos apoiados da esquerda.

Preguntou S. Exa. qual era a minha opinião a respeito do discurso proferido pelo Sr. Norton de Matos à saída de Loanda.

Já o tinha lido e não encontrei nada que me pudesse ferir ou melindrar.

O Alto Comissário — foi o que depreendi — deseja umas relações mais estreitas entre a metrópole è Angola; não

me parece que isso signifique impor obrigações à metrópole.

Portugal está de posse de alguns territórios por direito de descoberta e ocupação, portanto, as colónias são para benefício da metrópole, emquanto não se desviarem dela pela natural emancipação.

Posso frisar isto, porque êsse facto já se tem dado em outros países coloniais, como na América do Norte e na Inglaterra.

As metrópoles devem aos indígenas protecção e tem obrigação de os civilizar, não podendo estar separados da metrópole como desconhecidos; devem procurar desenvolver as colónias, material e moralmente.

Neste momento, suponho que a indústria não se pode desenvolver nas colónias...

O Sr. Nuno Simões: — Não apoiado!

Entendo que as colónias devem procurar desenvolver as matérias primas para servirem a indústria da metrópole.

O Orador: — Quanto ao artigo da Época, no dia seguinte à sua publicação eu vim à Câmara esclarecer o assunto.

O Sr. Cunha Leal (interrompendo o orador): — Como não assisti à sessão, ignorava!

O Orador: — Mas eu vou repetir.

O Sr. Ministro das Colónias, Sr. Rodrigues Gaspar, precisou de mandar uma missão a Londres para tratar de um empréstimo para Moçambique e de estudar a Convenção Sul-Africana e, como não tinha no Ministério disponibilidades para as despesas, fez com que o Alto Comissário realizasse com o Banco Nacional Ultramarino um empréstimo...

O Sr. Paulo Cancela de Abreu (interrompendo): — V. Exa. pode informar a Câmara se dêsse dinheiro não se tirou uma verba importante para pagar os vencimentos ao Alto Comissário?

Outra pregunta: não é certo que o Alto Comissário ganha por ano quinhentos contos?

O Orador: — Quanto à primeira pregunta, devo dizer a V. Exa. que não foi