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Sessão de 29 de Fevereiro de 1924 27

rendo Portugal afirmar-se um País progressivo e moderno, tem necessidade de o demonstrar, aproveitando todas as ocasiões para o lazer.

A acção da nossa colónia de Angola, no que diz respeito ao Congresso de Medicina Tropical, merece inteiramente o meu aplauso.

A acção colonial faz-se hoje, porque é uma acção colonizadora, em termos scientíficos; e dentro da actividade scientífica e aplicável à acção colonizadora é precisamente a acção médica social uma das que merecem na maior parte do mundo a maior atenção.

Portugal, tomando a iniciativa de fazer o primeiro Congresso de Medicina Tropical em África, mostrou assim que era capaz de ser um colaborador do trabalho scientífico, e, mostrando-o, acrescentou aos seus serviços de colonização mais um título que poderá servir para contrapor àquilo que os nossos inimigos amanhã apresentem contra nós.

Apoiados.

Acompanhei de perto a acção dêsse congresso; lamentei mesmo que a situação oficial que nesse momento ocupava me impedisse de a acompanhar ainda mais de perto, sendo um dos mais apagados membros do Congresso de Loanda. Tive ocasião de falar com alguns dos professores que foram a Angola, e que são hoje na sciência europeia nomes respeitados.

Tive ocasião de falar com êstes, tanto à partida como no regresso, e verifiquei que êsses homens vinham convencidos de que em Angola se estava a exercer uma acção digna do seu aplauso, (Ia sua simpatia, e o que êles de viva voz me disseram e a muitos dos colegas de Lisboa não significava um banal cumprimento, porque o foram dizer depois nas revistas médicas de que são colaboradores.

Fez muito bem o Sr. Alto Comissário de Angola em ter aproveitado a ocasião, no Congresso de Medicina Tropical, para mostrar o mais possível as possibilidades da Província, para mostrar a todos os que tinham concorrido a êsse Congresso que existia ali um largo campo de actividade que, se não estava inteiramente popularizado, estava em via de o ser por um povo que merece tanto mais respeito quanto é certo ser um povo peque-

no, quanto é certo ser um povo a viver através das maiores dificuldades económicas e financeiras, que, aliás, angustiam o mundo inteiro, e que no emtanto pelo seu próprio esfôrço estava a realizar uma acção progressiva que em toda a parte do mundo merece respeito.

Queiram ou não aqueles que ultimamente tem desenvolvido uma campanha de descrédito contra a acção administrativa de Angola, queiram ou não aqueles que, por motivos vários, aqui e lá fora se erguem contra essa acção administrativa-, ela conta no seu activo, debaixo do ponto de vista internacional, uma política de entendimento com as colónias circunvizinhas, serviço êsse que não pode ser esquecido porque representa de facto um autêntico e real serviço ao País.

Sr. Presidente: quero conservar-me o mais possível afastado das atitudes pessoais neste debate, e por isso mesmo eu não sublinharei sequer a circunstância especial e interessante de ser o Sr. Cunha Leal quem venha acusar o Sr. Alto Comissário de Angola de excesso de publicidade. Se eu quisesse estabelecer paralelismos dizia que era êste o momento de aplicar o conhecido provérbio: «diz o tacho à sertã, chega-te para lá não me mascarres».

É interessante que seja o homem que fez ainda não há muitos dias em Viseu uma celebérrima conferência, onde mais uma vez foi copiado e adaptado a Portugal um plano do organização política especial, que seja êsse homem que defendeu ali a necessidade dum Poder Executivo forte e tam forte que até êsse pseudo Parlamento que criava não era bastante soberano para impedir a execução de medidas com que não concordasse, que venha censurar precisamente, na acção do Alto Comissário de Angola, factos que a serem verdadeiros seriam a aplicação da teoria tam entusiasticamente defendida junto do povo da Beira, em Viseu.

São pequeninas contradições que não têm interêsse de maior para o debate, mas que assiná-lo de passagem, apenas para desfazer uma espécie de argumento que tantas vezes se usa, e que é chamado «argumento de coerência».

Sr. Presidente: em matéria de coerência, quási todas as pessoas que continuam a invocá-la não têm direito a fazê-lo, quer