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Sessão de 29 de Fevereiro de 1924 25

hábitos dêsses animais. E não acompanhei S. Exa. porque não conheço como êle a vida das capoeiras.

Referiu-se, depois, o Sr. Rodrigues Gaspar a um caso a que eu também já fizera alusão.

Existia no Ministério das Colónias determinado relatório enviado pelo auditor fiscal da província do Angola em Julho de 1922. Êsse relatório era para todos os efeitos um documento oficial.

O Sr. Rodrigues Gaspar abandonou o Ministério das Colónias em Outubro de 1923. Sucedeu ao Ministério a que S. Exa. pertencia um outro que caía ao fim de 30 dias e ao qual sucedeu aquele que neste momento ocupa as cadeiras do Poder. Estamos em Fevereiro de 1924 e êsse relatório ainda se não encontra no Ministério das Colónias, apesar de lá ter saído em Novembro de 1923.

Desta circunstância não tirámos motivos para atacar o Sr. Rodrigues Gaspar. Antes nos apressamos a desculpar o descuido de S. Exa. retendo em sua casa até agora o documento em questão, mas S. Exa., em vez de reconhecer a correcção do nosso procedimento, censurou-nos.

Eu, por mim, sinto-me injustamente agravado...

O Sr. Rodrigues Gaspar: — Eu não regatiei a correcção do procedimento de V. Exa.

O orador não reviu, nem o Sr. Rodrigues Gaspar fez a revisão da sua declaração.

O Sr. Paulo Cancela dê Abreu: — Sr. Presidente: terei de começar estas minhas considerações lamentando que o Sr. Deputado Gaspar tivesse de deturpar fastos e inverter as minhas palavras, para se poder defender. S. Exa. permitiu-se tirar conclusões que são injustas e destituídas de verdade.

Na minha moção eu limitei-me a escrever uma palavra que é sinónimo da que foi empregada aqui pelo Sr. Ministro das Colónias. S. Exa. empregou a palavra «levado» e eu pus a palavra, «retirado».

Não vejo onde possa encontrar-se diferença de sentido entre estas duas palavras.

Não se trata de insinuações; trata-se da constatação de um facto.

Eu tratei S. Exa. com toda a correcção, e, portanto, estranho que me respondesse em termos incorrectos. A S. Exa. devolvo a frase que me dirigiu, dizendo que eu usara de processos impróprios desta casa do Parlamento.

Mantenho o que disse. S. Exa. cometeu um acto que não devia praticar. Uma vez que abandonou a pasta das Colónias, não tinha que conservar em sua casa quaisquer documentos que pertencessem ao Ministério.

Quanto a isto mais nada.

Quanto ao assunto relativo ao vencimento do Alto Comissário de Moçambique, eu nem sequer falei no nome do Sr. Rodrigues Gaspar.

Quanto aos vencimentos do Alto Comissário de Moçambique, filho predilecto do Sr. Rodrigues Gaspar, não insinuei que S. Exa. queria servir amigo ou compadre!

Realmente, é preciso sentir-se muito mal colocado, em muito mau terreno para falsear os factos, atribuindo intuitos e palavras que não proferi.

Os vencimentos atribuídos ao Sr. Vítor Hugo de Azevedo Coutinho são os que constam duma nota oficial.

Quando S. Exa. era Ministro das Colónia o Alto Comissário devia ter 35 contos.

O cálculo feito às libras que o Alto Comissário vai receber, ao câmbio representam 527 contos.

Não quero alongar-me em considerações, lembrando a atitude que tomei para com S. Exa. acêrca da nomeação dum administrador da Companhia de Moçambique.

Tenho dito.

O discurso será publicado na integra, revisto pelo orador, quando, nestes termos, restituir as notas taquigráficas que lhe foram enviadas.

O Sr. Ministro das Colónias (Mariano Martins): — Pedi a palavra para protestar contra o termo «retirado» empregado na moção que o Sr. Cancela de Abreu mandou para a Mesa, e que parece dar a compreender que tinha o referido documento sido subtraído.

O Sr. Paulo Cancela de Abreu: — Retirar é o mesmo que levar.