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Sessão de 19 de Março de 1924 25

como se vê, tanto depende dos processos eleiçoeiros.

E essa obra é de tal fôrça que todos os partidos da República reciprocamente se acusam atribuindo aos outros as suas próprias responsabilidades.

Isto, porventura, não sucederia se as eleições tivessem sido, não digo já livres, porque então não existiria agora a República, mas ao menos aparentemente livres.

Mas no momento em que o ressurgimento da confiança é aquilo que mais indispensável se torna na administração do País, nós só poderemos fazer uma obra patriótica respeitando a vontade dos conservadores por forma a que êles tenham uma larga representação parlamentar. E é tam importante êste factor, que se nós percorrermos a legislação da República, desde o seu início até hoje, encontramos em toda ela, bem claramente marcado, o cunho radical, o cunho bolchevista, que tantos capitais fez emigrar do País e que cada vez mais agrava o problema da confiança.

Logo, se porventura no Parlamento da República tivesse havido uma oposição verdadeira, uma oposição conservadora, muito outra teria sido a marcha das cousas da República e do País.

Não é longo ainda o tempo em que tem havido oposição monárquica nesta casa do Parlamento, mas já se pode verificar que tem havido nesta casa uma feição muito diversa de legislar.

Isso tem sido conseguido à custa muitas vezes da má vontade dos outros partidos, mas, já pela razão dos nossos argumentos, já porque realmente representamos a mais forte corrente de opinião do País, não se pode deixar de reconhecer que temos conseguido em muitos casos que a orientação da legislação promulgada neste Parlamento não tenha um carácter mais radical.

A reclamação fundamental do País, evidentemente a mais importante como é a de redução das despesas públicas, só pode ser formulada pelos representantes legítimos, daqueles que mais directamente sofram as conseqüências dos gastos loucos do Estado.

Nestas condições todo o interêsse parlamentar deve traduzir-se, sem dúvida, em procurar modificar êste estado de cou-

sas, e então, Sr. Presidente, chegou o momento de eu dizer a V. Exa. e á Câmara que acertada seria a medida do Parlamento votando a proposta do Sr* Marques Loureiro.

Mas, isso não quere a República, disso não é a República capaz, e o Sr. Marques Loureiro, pessoa tam cheia de talento, por quem todos nós temos tanta admiração, desculpe-me que lhe diga, S. Exa. está nas circunstâncias em que estão muitos republicanos dos mais ilustres e dos mais inteligentes, quando apresentou uma proposta desta ordem, logo todos lhe dizem: «queres perder a República. Não pode ser, não pode ser.

O Sr. Presidente: — Como deu a hora de se passar ao período de antes de se encerrar a sessão, pregunto a V. Exa. se deseja terminar o seu discurso ou ficar com a palavra reservada.

O Orador: — Peço a V. Exa. que me reserve a palavra.

O Sr. Presidente: — Fica V. Exa. com a palavra reservada.

Antes de se encerrar a sessão

O Sr. Marques Loureiro: — Sr. Presidente: pedi a palavra para antes de se encerrar a sessão, estando presente o Sr. Ministro do Comércio; como, porém, S. Exa. me preveniu de que não poderia estar presente, peço a V. Exa. o obséquio de lhe transmitir as considerações que vou fazer.

Constando, que vão ser aumentadas as tarifas dos caminhos de ferro da Beira Alta e da Companhia Nacional, dirigiram-se-me os respectivos empregados queixando-se de que o último aumento, aliás feito invocando-se a melhoria de situação da classe, em nada ou quási nada os beneficiara.

Sr. Presidente: torna-se necessário que as queixas que são inteiramente justificadas da parte dêsses funcionários não possam, para prestígio da República, continuar a formular-se.

Êsses modestos funcionários dizem que a culpa não é apenas do Ministro ou da comissão superior de tarifas; que a culpa