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Sessão de 26 de Maio de 1924 7

de praticar para descriminar responsabilidades deveria ser feito com a máxima brevidade, pois não se devem reter nas prisões aquelas pessoas que a elas foram levadas pelo reclame da sessão de «box», e só pelo facto de se encontrarem na casa onde foram capturados os jogadores de jogos proibidos.

Foi o próprio Sr. comissário captor que declarou que apenas vinte ou vinte e quatro pessoas estavam no jôgo de azar; depois é que houve a confusão, em virtude da qual se misturaram as pessoas que estavam jogando com as que não jogavam. Estão portanto sob prisão umas cento e tantas pessoas, que já deviam ter sido postas em liberdade, notando que a maior parte são crianças e mulheres.

Era isto que eu queria que o Sr. Ministro do Interior ponderasse, para que providências fossem tomadas e para que de futuro, em casos análogos, se porventura os houver, os serviços de investigação sejam cumpridos com a devida e necessária celeridade, como determina a lei, e se não pratiquem novas arbitrariedades. Sr. Presidente: admiro o procedimento do oficial captor, que cumpriu valentemente o seu dever, mas só até ao acto da prisão.
Depois não posso louvar.
Procedeu à Primo de Rivera.
A lei era êle e só êle. Se eu tivesse feito a captura de indivíduos inocentes, não ficaria descansado emquanto os não restituísse à liberdade. Não iria dormir,para casa! Estaria no meu lugar até que os actos a praticar ficassem concluídos e os inocentes fossem restituídos à liberdade.

Entendo que assim é que eu cumpria integralmente o meu dever e dignificava o regime, que dia a dia se desprestigia, mercê do desleixo das autoridades, ou do arbítrio com que desempenham a sua mis-

Vozes: — Não apoiado.

O Orador: — Ainda há pouco um nosso colega, que já foi governador civil, disse que se os Srs. governadores civis quisessem o jôgo seria eficazmente reprimido.
Compreende-se que não se possa evitar á organização de «comboios», ou que se jogue em casas particulares.

O que não se compreende é que o Sr. Ministro do Interior não mande fechares clubes onde se joga, como o fez o Sr. Domingos Pereira, sendo Ministro do Interior e chefe do Govêrno a que S. Exa. presidia.

Faça V. Exa. o mesmo.

Não tenha receio que os batoteiros façam uma revolução, porque ao seu lado terá muita gente que não se arreceia dos batoteiros.

Sei que no Clube Montanha se joga; mas a êste clube e aos clubes chiques não vai fazer assaltos a polícia!

Todos os dias se estão abrindo novas casas de jôgo, com o consentimento das autoridades.

Trocam-se àpartes.

O Orador: — Não digo mais nada, porque a indignação de que estou possuído pode levar-me a pronunciar palavras que não quero que saiam dos meus lábios.

Tenho dito.

O Sr. Lelo Portela: Sr. Presidente: sou forçado a fazer à Câmara algumas considerações sôbre actos de S. Exa. o Sr. Ministro da Guerra, devido à atitude tomada por S. Exa. que vem para público, em entrevistas jornalísticas, justificar os seus actos acerca de disciplina.

Eu não posso conceber que haja um Ministro da Guerra, cioso de manter a disciplina no exército, que venha à Imprensa trazer cousas que devem ser absolutamente confidenciais, não saindo das notas trocadas oficialmente, e apreciar os actos de disciplina dos seus subordinados.

Esta atitude do Sr. Ministro da Guerra considero-a eu como contrária aos bons princípios da disciplina.

Numa entrevista publicada no Diário de Lisboa, de 25 do corrente, o Sr. Ministro da Guerra vem a público, a pedido do um jornalista, explicar os seus actos como Ministro e a sua acção como chefe do exército, encarregado de manter a disciplina.

Diz nessa entrevista o Sr. Ministro da Guerra:

«Eu quero tornar o exército um organismo disciplinado e habilitado para a guerra».