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8 Diário da Câmara dos Deputados

Provarei a S. Exa. que a sua acção tem sido 5 contrária à disciplina do exercito e preguntarei quais são as medidas que tem tomado no sentido de «habilitar o exército para a guerra».

Que medidas tomou S. Exa. para au-mentaç a eficiência do organismo militar?

O que tem S. Exa. feito em matéria de instrução elementar e técnica?

Que eu saiba nada fez em questões de instrução. Portanto, por êste lado, não aumentou a eficiência do exército.

Para tornar o exército um organismo habilitado a fazer a guerra, é indispensável, em primeiro lugar, depois de ter pessoal instruído, dispor do necessário material, e eu pregunto ao Sr. Ministro da Guerra que medidas tomou, quer para desenvolver a indústria nacional para a colocar em condições de poder fornecer êsse material ao exército, quer para fazer aquisição dêsse material.

Mostrarei que, pelo contrário, S. Exa. tem pôsto obstáculos à aquisição de material novo e à conservação e aperfeiçoamento do material existente.

Desejaria também que o Sr. Ministro da Guerra me dissesse o que fez em matéria de organização. Que nova organização deu S. Exa. ao exército para a sua melhor utilização em campanha?

Como base fundamental do seu programa, S. Exa. adoptou o princípio das economias. O que se vê a tal respeito?

Vemos que S. Exa. para realizar pequenas economias, tem provocado grandes despesas e, sobretudo, uma enorme desorganização dentro do exército.

Sôbre economias disse S. Exa. na sua entrevista ao Diário de Lisboa:

«Que tomou medidas especiais para tirar os cavalos àqueles que não tinham direito a ter cavalo».

Falta que S. Exa. nos diga quem são, de facto, os oficiais ou entidades que não têm direito a ter cavalo.

Como havemos de ter oficiais de cavalaria aperfeiçoados para a guerra, se lhe tiram o principal elemento - o cavalo?

Ante as necessidades técnicas, uma tal medida é absolutamente condenável.

Vejamos agora a economia que se fez em virtude de uma tal medida.

Das fileiras saíram 280 cavalos.

Em que condições?

Em condições que eu julgo serem desmoralizadoras.

Segundo os regulamentos, os oficiais podiam, depois de cinco anos, vender os cavalos que tinham ao seu serviço, e assim uma boa medida seria acabar com isso, isto é, fazer com que os cavalos depois dos cinco MIOS continuassem nas fileiras do exército. S. Exa. foz justamente o contrário: reduziu o prazo, e assim fez com que muitos vendessem os seus cavalos por quatro, cinco e seis contos de réis.

S. Exa. o Sr. Ministro da Guerra incompatibilizou-se com os oficiais dá arma de cavalaria, como se vê pelo que se passou relativamente ao concurso hípico, concurso êsse em que estavam inscritos tantos oficiais estrangeiros como nacionais. Pois a verdade é que tendo alguém com assento nesta Câmara falado com S. Exa., creio que chegou a um acordo com o Sr. Ministro da Guerra.

O Sr. Ministro da Guerra (interrompendo): - Antes de V. Exa. continuar eu devo dizer-lhe que não entrei em acordos nenhuns, pois sou absolutamente incapaz de entrar em acordos dessa natureza. Cumpri os regulamentos, o mais nada.

O Orador: — O que eu posso garantir a V. Exa. é que alguém, de uma alta categoria, disse a êsses oficiais que o S. Exa. o Sr. Ministro da Guerra revogaria a sua medida, razão por que muitos deles foram concorrer, esperando que ela fôsse revogada.

Isto, Sr. Presidente, é o que S. Exa. fez relativamente à arma de cavalaria.

S. Exa., sendo um político, neste assunto adoptou um critério errado, pois a verdade é que procedeu como um cabo, desculpe-me V. Exa. o termo.

S. Exa., porém, não se contentou só com incompatibilizar-se com os oficiais de cavalaria incompatibilizou-se também com os oficiais de engenharia. Veja-se a criação da Direcção Geral de Transportes, que foi criada ilegalmente, e digo ilegalmente por isso que não foi criada pelo Parlamento. Foi criada com o título de provisória, mas já se tornou definitiva.

Se bem que essa Direcção fôsse criada para resolver a greve dos eléctricos, ela