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Sessão de 26 de Maio de 1924 9

tem-se mantido para outros organismos, como por exemplo para os caminhos de ferro, o que não faz sentido mesmo sob o ponto de vista disciplinar, pois a verdade é que só não compreende que oficiais superiores estejam a receber ordens de oficiais inferiores, como sejam aqueles que fazem parte da Direcção Geral de Transportes.

Isto, Sr. Presidente, na verdade, não faz sentido, e daí a razão de S. Exa. se encontrar igualmente incompatibilizado com os oficiais de engenharia.

A verdade é que S. Exa. não sé encontra somente incompatibilizado com os oficiais de cavalaria e engenharia, mas também com os oficiais da aeronáutica militar.

S. Exa., na verdade, e ultimamente, tem-lhes recusado os elementos indispensáveis para êles poderem desempenhar a sua missão.

O Sr. Presidente: — Previno V. Exa. que são horas de se passar à ordem do dia.

Vozes: — Fale, fale.

O Orador: — Cumpre-me, Sr. Presidente, em primeiro lugar agradecer, a atenção que a Câmara acaba de ter comigo, permitindo que ou continue as minhas considerações.

O que é um facto é que o Sr. Ministro da Guerra desde Dezembro do ano passado tem procedido por forma a que a aeronáutica militar não tem podido desempenhar, cabalmente a sua missão, pois a verdade é que os aviadores do nosso exército estão impossibilitados de voar, por isso que lhes são recusados os meios indispensáveis para poderem comprar gasolina e os óleos necessários.

Veja a Câmara a situação em que se encontra o Sr. Ministro da Guerra e aquela em que colocou os aviadores.

O primeiro acto do Sr. Ministro da Guerra ao assumir a gerência da sua pasta foi preguntar à Direcção da Aeronáutica qual a forma de a suprimir sem prejuízo para a aviação e para os aviadores.

Invertendo os papéis, eu desejo saber o que é que S. Exa. responderia se eu lhe fizesse tal pregunta.

Terminando, devo dizer que para a disciplina do exército é inconveniente a permanência do Sr. Ministro da Guerra nessa pasta.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Ministro da Guerra (Américo Olavo): — Começou por agradecer ao Sr. Lelo Portela a oportunidade que lhe proporcionou de responder à campanha que se levantou e que lhe dá cada vez mais tenacidade para a aplicação das suas normas de disciplina e administração.

É inteiramente falso tudo o que se diz dos seus propósitos de hostilizar a aviação, à qual, apesar das palavras imprudentes dalguns aviadores, rende a sua homenagem de português e do soldado, salientando os feitos notáveis do Sacadura Cabral, Gago Coutinho, Brito Pais, Sarmento Beires, evocando a memória de Monteiro Tôrres.

Reconhece que os exércitos de hoje não podem lutar sem aviação. Sabe-o por experiência própria, pois durante um ano, nas trincheiras, constantemente sentiu a cooperação dos aeroplanos ingleses voando sôbre a sua cabeça. A aviação é, pois, absolutamente necessária para o exército e isso basta para que êle, Ministro, cuja preocupação única é habilitar o exército para a sua verdadeira missão, não pudesse de forma alguma opor-se ao seu justo desenvolvimento. Entende, porém, que é preciso manter o desenvolvimento das diferentes armas dentro de um justo equilíbrio, dentro de rigorosa disciplina, dentro da severa administração que as dificuldades do Tesouro impõem, sendo os sacrifícios partilhados igualmente por todos.

Não são de admitir no exército castas à parte, gozando de tudo, emquanto outros lutam com as maiores deficiências. Está à frente de um exército onde a cavalaria não tem cavalos o não os pode comprar, porque a remonta não recebe os duodécimos atrasados há seis meses. Há regimentos onde para dar instrução a mais de 200 recrutas não há mais do que 30 cavalos, a maior parte deles incapazes.

A infantaria não tem espingardas capazes, porque não há dinheiro para a montagem das máquinas nem para a com-