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6 Diário da Câmara dos Deputados

visto que S. Exa. já estava informado dó assunto, e não me havia sido indicado qualquer inconveniente em o versar.

Assim julguei-me dispensado de qualquer nova prevenção, e nem tempo tive tempo de o fazer.

O Sr. Plínio Silva (interrompendo): — Desejaria saber quais as diligências empregadas pelo Sr. João Camoesas, quando Ministro da Instrução do Govêrno do Sr. António Maria da Silva para o reconhecimento da República dos soviets.

O Orador: — Não tenho de responder ao Sr. Plínio Silva, porque não é função do Sr. Ministro do Interior tratar de tais assuntos.

Particularmente, porém, algumas vezes aludi ao assunto, não como Ministro da Instrução, pois que é, como todos sabem, da competência do Ministro dos Estrangeiros, mas pelo interêsse de ordem gerai que êle representava.

O Sr. Ministro dos Estrangeiros disse que numa matéria destas não deve haver sentimentalismos. Ninguém supõe que a minha intervenção derivava apenas de simpatia pelo regime dos soviets. Mas devo dizer que me coloco exactamente no ponto de vista de considerar a experiência sovietista como uma das mais extraordinárias experiências da história da humanidade. Não era justo tomar partido, porque num país como o nosso faltam elementos de informação indispensáveis para podermos formar juízo perfeito do regime da Rússia.

Mas já que S. Exa. pôs em equação o problema, o que eu não tinha feito, da minha simpatia, eu, que não sou homem para enjeitar responsabilidade, direi que, sendo por sistema contra todas as tiranias, sejam vermelhos ou brancos, não antipatizo com o processo russo.

Disse que a Rússia é um país importador da cortiça, mas as circunstâncias não permitem que lá a coloquemos.

Sabe-se que êste ano a cortiça alentejana, que é a melhor do mundo somos o País que melhor cortiça produz alcançou o preço de 9$, ao passo que a cortiça da Argélia, que é vendida em todo o mundo por preços inferiores à nossa, tem rendido aos produtores uma quantia, em francos, correspondente a 44$.

Esta diferença de preço, que é extorquida aos produtores portuguesas, fica nas mãos dos intermediários que se nau importam cora a maneira do realizar lucros sacrificando interessas legítimos.

O mesmo podia dizer com respeito ao ramo de conservas e outros artigos.

Nestes termos, o problema tem de ser pôsto pela dialéctica económica que é o
que interessa. De mais, sendo Portugal um País de balança comercial com déficit convém que haja novos mercados.

Portanto, o que importa é que imediatamente se abram êsses mercados, tanto mais que o estado jurídico, criado na Rússia Soviética, dura há tempo bastante para provar que o povo russo o quere e deseja.

Quando um regime dura há tantos anos é porque representa a afirmação da vontade do povo.

O orador não reviu.

O Sr. Plínio Silva: — Sr. Presidente: a pregunta que dirigi ao Sr. João Camaesas foi na melhor intenção.

Neste assunto estou absolutamente, de acordo com S. Exa. Temos o mesmo ponto de vista. Mas entendo que é absolutamente necessário que os homens públicos cumpram no Govêrno as afirmações que façam no seu fauteuil de parlamentares.

É freqüente ouvir produzir afirmações que não são cumpridas, quando os que as fizeram ocupam as cadeiras do Poder.

Por isso interessava-me muito saber quais, tinham sido as diligências que o Sr. João Camoesas havia empregado junto do Governo de que fez parto para que fôsse reconhecida a república soviética da Rússia. O facto do Sr. João Camoesas sobraçar a pasta da instrução nada tem que ver, visto que, como membro do Govêrno, podia, melhor do que como Deputado, empenhar-se por êste assunto.

Portanto, desejava que, uma vez que o Sr. João Camoesas apelou para o Sr. Domingos Pereira, me dissesse quais tinham sido as diligências que efectuou quando Ministro para se fazer o reconhecimento do Govêrno dos soviets.

O Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros (Domingos Pereira) (interrompendo): — Devo dizer que o Sr. João Camoesas teve comigo algumas conversas a respeito