O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

Sessão de 28 de Maio de 1924 5

tura, sabe que o pão de primeira está sendo vendido à razão de 4$ cada quilograma, visto que os padeiros, que não pesam o pão, vendem pães de 300 gramas por 5UO gramas.

Sr. Presidente: os factos que estou apontando não BC dão só entre nós.

Os brasileiros queixam-se da mesma cousa; e para a Câmara saber, vou ler uma passagem de um jornal carioca, que diz o seguinte:

Leu.

Sr. Presidente: segundo li no jornal O Mundo, o Sr. Ministro da Agricultura está na disposição de atacar êsse grande monstro, que é a moagem, que, para gozar largamente os proventos dos roubos que faz o das misturas de produtos não panificáveis com que nos envenena, não tem receio nem se preocupa com a miséria do povo.

Todavia não se lembra de que essas regalias que usufrui, e essas grandezas com que agora nos afronta, podem desaparecer de um momento para o outro.

Sr. Presidente: - eu entendo que devemos ir ao encontro das necessidades do povo, para que se evitem conseqüências desastrosas; pois quando a miséria fôr miséria, não haverá fôrças que sejam capazes de lhe opor resistência.

Sr. Presidente: desejava ainda que S. Ex-a o Sr. Ministro da Agricultura fizesse a fineza de transmitir ao Sr. Ministro das Finanças o desejo que tenho de que S. Exa. informe sôbre se a Companhia dos Tabacos já entrou com os 26:000 contos, por conta dos grandes desfalques que tem feito nos seus contratos, e bem assim se a moagem já entregou os 7:000 contos que deve por diferenciais no preço do trigo.

Igualmente desejava saber se os Bancos já entregaram as 400:000 libras; pois parece-me não haver autoridade para criar novos impostos emquanto aquelas verbas não forem pagas.

Eram estas as explicações que desejava.

O orador não reviu.

O Sr. Ministro da Agricultura (Joaquim Ribeiro): — Sr. Presidente: respondendo ao Sr. Tavares de Carvalho, tenho a dizer que me encontro na impossibilidade de vir todos os dias ao Parlamento.

Como V. Exa. e a Câmara sabem, são muitos os afazeres que dizem respeito aos problemas que correm pelo meu Ministério.

A cada momento preciso de acudir aos mais importantes problemas que demandam a minha resolução.

Referiu-se S. Exa. a vários pontos, entre os quais o que diz respeito ao problema do pão.

O problema do pão é de difícil resolução. Não quero dizer quê não pensamos em resolvê-lo, mas há dificuldades na soa execução. Estas dificuldades surgem de toda á parte.

É preciso que se diga: o Ministro tem obrigação de providenciar; mas com mágoa constato que as providências são ineficazes.

S. Exa. referiu-se à importação de farinhas de trigo exótico. Tenho a dizer a S. Exa. que penso, como sempre, que é urgente a importação de farinha exótica. Naturalmente essa farinha tem de ser farinha de trigo.

Não posso dar autorização, senão para a importação de farinha genuína para não acontecer, o que sucede na Ilha da Madeira que, gozando do regime livre, importa verdadeiras mixórdias.

Penso, portanto, em fazer ver à moagem que ela tem de fabricar farinhas de trigo de boa qualidade. E, se não sabe, ou não pode fabricar farinhas boas, temos nós de as adquirir.

Com respeito aos manifestos do trigo, ordenado pelo Govêrno à lavoura e a que o ilustre Deputado se referiu, com mágoa o digo, não deram resultado.

A acção do Ministro da Agricultura no problema do pão tem de ser no sentido de desenvolver as culturas que são necessárias.

Com mágoa o digo; a lavoura nacional não cumpre com o seu dever, como todas as outras 'indústrias. Por isso os dois manifestos de trigo ficaram desertos.

O decreto agora publicado é um decreto provisório. Espero que a Câmara resolva o problema cerealífero.

Se entendi que em certo momento era conveniente a liberdade de comércio, hoje constato que essa liberdade é prejudicada pelas dificuldades que lhe têm pôsto os Ministros que têm a seu cargo as finanças públicas.