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28 Diário da Câmara dos Deputados

O Sr. Lelo Portela veio ao Parlamento anunciar a revolução.

Foi um tiro.

Àpartes.

Isto foi um facto que ninguém pode desmentir e o Sr. Pedro Pita não pode pôr em dúvida a minha afirmação.

Apartes.

Fui, de facto, á bordo dos navios de guerra, quando do movimento de Dezembro, com outro oficial, mas sem conhecimento do Govêrno e apenas com conhecimento do Sr. major general da armada, a fim de saber qual era o estado da disciplina a bordo dos mesmos navios.

Foi assim que consegui um compromisso de honra dos tripulantes do navio revoltado para que não praticassem mais nenhum acto de hostilidade até que eu falasse com o Govêrno, a fim de evitar derramamento de sangue. Do regresso, participei isso ao Sr. major general da armada e êle ofereceu-me o seu automóvel para ir mais ràpidamente junto do Govêrno. Êste, porém, disse-me que não aceitava quaisquer negociações com os revolucionários porque os considerava fora da lei G que ia intimá-los a renderem-se, metendo o navio no fundo se tanto fôsse necessário, caso êles não obedecessem.

Pesaroso retirei-me para ir novamente até o referido navio a fim de devolver o compromisso de honra que a guarnição tinha tomado para comigo, visto que tinha falhado a minha intervenção, e foi unicamente a isso que o Govêrno me autorizou.

Mostrei aos revoltosos os inconvenientes do seu acto, e tive a honra de obter deles o compromisso de que se entregariam à prisão desde que um oficial superior os fôsse deter.

Com estas explicações que dou, creio que o Sr. Pedro Pita e todos os seus colegas de Gabinete devem ficar com a memória avivada de que realmente os factos se passaram assim.

O Sr. Pedro Pita: — O que eu há pouco queria significar era que o Govêrno de que fiz parte não impediu que V. Exa. fôsse a bordo.

O Orador: — Não impediu, mas não quis negociações com os revoltosos, não pro-

cedeu, emfim, como êste, mandando várias pessoas fazer démarches junto dos revoltosos para achar uma solução ao conflito.

Mas êste assunto não interessa demasiadamente à Câmara, e por isso dou por findas as minhas considerações.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Ginestal Machado: — Sr. Presidente: apenas meia dúzia de palavras, porque na verdade o momento não é para grandes discursos.

Não era intenção minha tomar parte neste debate, visto que o pensamento do Partido Nacionalista já foi definido, com o costumado brilho e clareza de sempre, pelo seu ilustre leader e meu particularíssimo amigo Sr. Cunha Leal. Não tinha nem tenho, portanto, a acrescentar mais nenhuma palavra.

Entretanto, aconteceu que neste debate, o por uma referência do Sr. Agatão Lança, em resposta ao Sr. Pedro Pita, meu ilustre colega no Ministério de 10 de Dezembro, vem outra vez à baila a questão que por essa época se passou, e o que é curioso é que tenha sido o Sr. Agatão Lança quem a veio reviver, quando e certo que S. Exa. propôs que sôbre êsse assunto fôsse feito esquecimento perpétuo.

O Sr. Agatão Lasca, (interrompendo): — As démarches não são rebeliões.

O Orador: — Sr. Presidente: costumo tomar sempre a responsabilidade dos meus actos.

O Govêrno a que tive a honra de presidir, e disso tomo inteira responsabilidade, não quis intermediários entre os revoltos os e o Govêrno.

Os intermediários foram os agentes do Govêrno, a quem estava confiada a manutenção da ordem, que havia sido alterada pela guarnição do um navio de guerra.

O Sr. Agatão Lança teve a amabilidade de procurar o Govêrno, para oferecer-se como medianeiro; nós agradecemos-lhe muito a sua boa intenção e generosidade, mas não tínhamos de tratar com os revoltosos. No emtanto, se S. Exa. quisesse ir a bordo, o Govêrno não poria o me-