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Sessão de 6 de Junho de 1924 23

da resolução que ela tomou há dias, quando foram dadas ordens para o efeito do procedimento militar contra os oficiais revoltosos, sem que se tenha disparado um tiro, aqui nesta Câmara correram verdadeiros rios de sangue, e a Câmara atemorizada com qualquer pretensa violência, dando a confiança ao Govêrno, ao mesmo tempo indicava-lhe que queria a resolução do caso, sem a menor violência, porque se tratava de aviadores dos mais heróicos, como de facto são.

Nestas condições, o Ministro da Guerra, armado com o voto da Câmara, limitou-se a cercar os oficiais em questão, procurando pouco a pouco, como conseguiu, isolá-los do contacto com o exterior para o efeito de os levar a reconsiderar e, sem nenhuma espécie de violências, a renderem-se, que é o que têm a fazer.

É a situação em que se encontra o conflito.

Ontem deram-se alguns casos desagradáveis, porque V. Exa. sabe o que é um serviço dêstes feito de noite. Algumas pessoas conseguiram transpor o cerco, mas hoje é já impossível que isso se dê.

Entretanto, se a Câmara exige uma solução rápida do assunto que me diga, que eu darei as ordens mais severas para que o caso se resolva.

Mas não foi isso que a Câmara me pediu; o que a Câmara me pediu claramente foi que não fizesse correr sangue de portugueses. Eu subordinei-me imediatamente, como é meu dever, à solução da Câmara, e não modificarei o meu procedimento emquanto a Câmara não me disser que quere que eu adopte um procedimento violento.

Apoiados.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Cunha Leal: — Sr. Presidente: continuamos esperando que nos esclareçam.

Com uma notável falta de memória o Sr. Ministro da Guerra inverteu os termos ao problema. De facto, houve pessoas que, alarmadas com os boatos, fizeram correr ondas de sangue, porque de facto os boatos chegavam e as afirmações vinham de pessoas de honra e eu não duvidava delas, como não duvido ainda hoje.

Mas antes disso afirmou ontem peremptòriamente o Sr. Presidente do Ministério que tinha dado, anteriormente a qualquer sugestão desta Câmara, ordens para que a questão se liquidasse sem se disparar um tiro. Foi assim que o Sr. António Maria da Silva, contente por o Govêrno encontrar uma solução que não exigia sangue derramado, disse que isso era o desejo de todos nós, o que de facto é. Porém, o que a Câmara votou foi uma moção que exprimiu fundamentalmente três cousas: primeira, quem tem de saber como deve derimir a questão é o Poder Executivo; segunda, que uma vez que a Câmara afirmou a sua confiança ao Sr. Ministro da Guerra, confia na sua acção; terceira, que espera o cumprimento exacto dos regulamentos militares.

Foi isto o que a maioria votou. Portanto, encontramo-nos, como a Câmara; vê, na mesma posição.

Dissemos que o Sr. Ministro da Guerra, com um pouco mais de táctica, poderia ter evitado êste conflito grave.

Desde que o Sr. Presidente do Ministério nada nos diz sôbre o assunto, nós não podemos votar o negócio urgente requerido, pelo Sr. Vasco Borges, tanto mais que o assunto diz respeito ao Sr. Presidente do Ministério, e não ao Sr. Ministro da Guerra.

O Sr. Ministro da Guerra (Américo Olavo) (interrompendo). — Eu disse à Câmara, quando falei, que o fazia pelo facto de o Sr. Presidente do Ministério se encontrar impossibilitado de falar.

O Orador: — Peço desculpa a V. Exa., mas não o tinha ouvido; no emtanto, nós vemos que, de facto, S. Exa. se encontra doente.

O nosso desejo, porém, Sr. Presidente, é mostrar à Câmara que a nossa atitude de hoje é a mesma de ontem, razão por que não podemos votar o requerimento feito pelo Sr. Vasco Borges.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Presidente: — Vou dar a palavra ao Sr. Vasco Borges; porém, desde já peço a V. Exa. o obséquio de restringir as suas considerações.