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6 Diário da Câmara dos Deputados

prescindo do Sr. Ministro das Colónias, que é quem tem de me responder.

O Sr. Vitorino Guimarães (com grande energia): — Protesto contra as palavras do Sr. Cancela de Abreu.

É necessário que haja atenção pelo Sr. Ministro do Interior.

Apoiados.

O Sr. Carlos Pereira protesta contra as palavras do Sr. Vitorino Guimarães e dirige, para a esquerda, apartes violentos, que não foram ouvidos.

O Sr. Cancela de Abreu: — Peço a.V. Exa., Sr. Presidente, o favor de me aguardar a presença do Sr. Ministro das Colónias, para me dar a palavra.

O Sr. Presidente: — Nos termos do Regimento, desde que um Sr. Ministro se declara habilitado a seguir a discussão, essa discussão tem de seguir. V. Exa. que é já um parlamentar com experiência, deve sabê-lo. Demais, o Sr. Ministro das Colónias vem dentro de alguns minutos e, por isso, algumas palavras que o Sr. Deputado queira pronunciar diante do .Sr. Ministro das Colónias, terá ocasião de o fazer quando S. Exa. chegar.

Devo dizer mais que o Sr. Ministro das Colónias me 'procurou, ao abrir da sessão, para me dizer isto.

Portanto, não posso interromper a discussão, o que seria contrário ao Regimento. Nestes termos, ou V. Exa. continua no uso da palavra, ou desiste da palavra, e concedo-a a outro Sr. Deputado. Não posso proceder de outra maneira.

O Sr. Cancela de Abreu: — Devido à consideração que V. Exa. me merece, prosseguirei no uso da palavra, não insistindo que se aguarde a presença do Sr. Ministro das Colónias.

Não posso, porém, deixar de estranhar a atitude de alguns membros da maioria para comigo, e, especialmente, dó Sr. Vitorino Guimarães, que costuma ser uma pessoa calma e correcta.

Sr. Presidente: não é com os votos que possamos alcançar na província de Moçambique que nós pensamos em restaurar a monarquia.

Intervenho neste importante assunto guiado unicamente pela minha consciência de português e de patriota. Desejo tratá-lo sem qualquer preocupação de ordem política, animado do melhor intuito de esclarecer a Câmara e o meu País e no propósito de definir e concretizar responsabilidades, para que amanhã possamos exigi-las aqueles que assumiram as dai aprovação do empréstimo de que se está tratando.

Apoiados.

Não considero as minhas afirmações como um dogma. Em questões desta natureza, nunca dei feição dogmática às considerações que formulo; e num caso desta natureza ainda menos, porquanto não sou colonial e as circunstâncias da minha vida não têm permitido que me dedique muito ao estudo dos assuntos coloniais.

Por isso, aceito de boa vontade a contradita e declarar-me hei convencido sé me provarem que êrro nas apreciações que faço acerca desta questão.

Já ontem expus á Câmara o que julguei conveniente frisar acerca do modo como decorreu, nesta casa do Parlamento, a discussão da proposta do empréstimo de Moçambique, cujas emendas agora nos cumpre apreciar.

Já revelei à Câmara, em termos precisos e concretos, qual a nossa atitude e o propósito firme que temos de a manter, até ao fim, lutando quanto pudermos, para evitar que atrabiliàriamente seja votada definitivamente uma proposta gravíssima, como esta é.

E as considerações que vou fazer são também tendentes a justificar uma proposta que tenciono enviar para a Mesa e que se destina a mais concretamente marcar as responsabilidades de cada um dos, membros desta Câmara.

O Sr. Alto Comissário de Moçambique foi dizer para o Senado que a proposta tinha tido uma larga discussão na CÂmara dos Deputados e que nela tinham intervindo todos os ilustres coloniais que dela fazem parte.

Certamente que o Sr. Alto Comissário de Moçambique não assistiu ao que se passou nesta casa quando a proposta foi discutida na especialidade; porque, se tivesse assistido, S. Exa. teria notado que tendo-nos nós monárquicos abstido de intervir no debate por motivo das declarações formais do nosso ilustre leader, apenas alguns parlamentares se pronunciaram li-