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Sessão de 20 de Junho de 1924 11

4 ou 7 milhões de libras nada devem influir nas pessoas que querem o empréstimo, e por isso estou convencido de que a Câmara vai votar a emenda do Senado, porque daqui a três anos até talvez o Sr. João Camoesas nos tenha trazido já de Leninegrado algumas modificações ao regime português.

Mas em todo o caso repare-se nos argumentos que a comissão que se encarregou de estudar êste assunto conseguiu descobrir para recomendar à atenção dos fiéis os 7 milhões de libras em vez dos 4.

Sr. Presidente: foi bom, foi mau, conceder, a autonomia às colónias?

Sem pretensão de apoio de quaisquer coloniais, eu disse que as circunstâncias transformaram os factos em crimes grandes contra a vitalidade da nação.

Que proveito se tirou em Angola?

Gastaram era estudos de portos 3:000 libras. Para quê?

Absolutamente para nada. A maior parte dos portos não deve ser construída segundo êsses estudos, pela simples razão de que ninguém vai gastar milhões de libras para não ter tráfego senão daqui a anos.

Gastou-se dinheiro em material para caminho de ferro, para estar ao sol e à chuva, simplesmente.

O director do caminho de ferro de Loanda a Malange declarou que eram necessárias seis meninas e o sonho das grandezas achou pouco e encomendou dezoito.

O sol e a chuva se encarregarão da sua destruição completa, mas os homens que permitiram tais desmandos se lembrarão das loucuras do cônsul, transformado em imperador romano, que as praticou.

A respeito das obras de Moçambique, disse-se que não era à Câmara que competia saber da decisão dessas obras.

Quere dizer, 6 milhões de portugueses abdicaram em 30:000 para a contextura da administração da vida da província, e chegamos a esta conclusão: de influírem' nessas obras comerciantes, funcionários, etc., todos que possam ter interêsse em que as obras se façam.

A experiência fez-se em Angola e, desde que haja audácia, o Alto Comissário pode pôr toda a província sob os seus desejos e por meio dessas obras ter nas suas mãos 30:000 homens livres transformados em escravos.

Quere dizer, tudo quanto nós possamos aqui fazer pode, por uma circunstância do acaso, ser mudado, se não tivermos cuidado na escolha do Alto Comissário.

Não farei a análise duma personalidade que nos é simpática, porque não quero magoar o Alto Comissário de Moçambique, que é digno, honesto e não quere ter as aspirações do Sr. Norton de Matos, mas não vejo em S. Exa. qualidades de energia, decisão e de senso administrativo capazes de guardar com eficácia o dinheiro que lhe vamos entregar.

S. Exa. seguirá certamente caminho diferente do que seguiu o Alto Comissário de Angola. O

Ainda agora, nesta hora aflitiva para as finanças da província, deve estar a chegar um serviço de Sèvres que foi encomendado e que custou bastantes contos.

Ainda agora está a desembarcar um magnífico automóvel Delage, última palavra de construção desta marca.

Vemos tudo isto no próprio momento em que damos à província providências financeiras para de qualquer forma atender à sua situação.

Estou indicando estas cousas porque vamos conferir o direito de administração de 4 milhões de libras a um homem.

Emquanto se não modificassem as condições administrativas da colónia, devo dizer à Câmara que não daria uma autorização tam alta.

Não faço proposta alguma para não ter o mesmo destino que teve a outra, pois o Ministro das Colónias não se lembrou de fazer sua a minha proposta.

O Ministro, apresentando uma proposta, quis mostrar que sabia alguma cousa das condições em que era feito o empréstimo.

Mas depois vieram outras bases e nós, afinal, temos de nos pronunciar sôbre um empréstimo que não existe.

Mas diz-se que existe um empréstimo.

Para nos arrancar o voto começaram por nos iludir.

Apoiados.

Depois disseram-nos que esquecêssemos tudo, como se nada soubéssemos.

Foi isto o que se fez.