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Sessão de 20 de Junho de 1924 13

vez se falará em política de fomento, mais uma vez os encargos provenientes do empréstimo vão onerar a vida já tam difícil da província.

Profeta um pouco tristonho, eu agouro mal do empréstimo que se vai lazer.

Como bom português e republicano, só peço a Deus, se o Sr. Ministro da Justiça o não matou ainda, que eu me engane.

Não sou tam mau patriota que, fazendo a minha oposição a uma medida que julgo ruinosa, queira que os factos previstos sejam inevitáveis e se dêem por fôrça.

Oxalá que o Sr. Alto Comissário consiga o milagre de fazer frutificar os milhões de libras do empréstimo; oxalá as não disperdice em automóveis e louças de Sóvres, em bambochatas e passeios, como aqueles à Inglaterra que têm custado cêrca de 600 contos por mês.

Faço êste voto sincero. Êle não é motivado por qualquer intuito de especulação política, é o voto de alguém que tem a suficiente consciência para, no momento em que dar o seu voto negativo a esta proposta, fazer os mais ardentes votos para que as suas apreensões sejam desmentidas pelo futuro.

Tenho dito.

O discurso será publicado na integra, revisto pelo orador? quando, nestes termos, restituir as notas taquigráficas que lhe foram enviadas.

O Sr. Rodrigues Gaspar: — Sr. Presidente: tem-se estado a discutir a questão das emendas do Senado, como se voltasse novamente à discussão a proposta de lei já aprovada nesta Câmara.

Devo dizer que o ilustre leader, Sr. Cunha Leal, começou por fazer uma afirmação com a qual, salvo o devido respeito, não estou perfeitamente de acordo.

Disse S. Exa. que não valia a pena estar a discutir por que já se, sabia que o empréstimo havia de ser aprovado.

Ora isto seria a negação absoluta do sistema parlamentar, porque das discussões há-de resultar a luz, quando elas são feitas com conhecimento de causa, e o facto de haver alguém que não consiga expor o seu ponto de vista de modo a obter a maioria não é bastante para se condenar o sistema parlamentar pela forma como S. Exa. o fez.

O ilustre leader deu uma forma especial às suas considerações, para deixar como que na dúvida se seria regular o assunto, que eu considero importante, da autorização à província de Moçambique para contrair um empréstimo. S. Exa. disse que a Câmara dos Deputados tinha aprovado a proposta de 7 milhões de libras, e que ela tinha sida reduzida, pelo Senado, a 7 milhões, acrescentando que a comissão de colónias tinha seguido o caminho de que não valia a pena demorar mais a. questão, e, portanto, que se aprovasse a proposta do Senado.

Ora isto não é precisamente o que aquela comissão disse.

Do onde vêm os 7 milhões?

Não é nesta Câmara que existem os elementos para se poder ver se são necessários 7 milhões ou 7 milhões e uma libra.

Não tinha a comissão elementos para poder discutir, como eu não tenho, se são precisos 7 milhões ou ainda mais alguma cousa.

Nesta densa atmosfera em que vivemos é indispensável que as cousas não fiquem tratadas de maneira velada, mas sim que sejam esclarecidas.

Mas são 7 milhões?

O leader nacionalista acha que bastam 4 milhões.

Na Câmara quem conhece o assunto directamente pode dizer se são 7 milhões ou se são 4 milhões.

Há aqui quem conheça a província, e que, pela sua inteligência, deve ser atendido. Êsse alguém disse que as obras que se iam executar não dariam rendimento; seriam improdutivas e se não deviam fazer.

Pois bem. Eu também deponho sôbre a capacidade do Sr. Brito Camacho, ex-Alto Comissário de Moçambique, e direi ao leader nacionalista que êle é de opinião que não são demais 4 milhões para -obras em Moçambique.

Apoiados.

O ex-Alto Comissário de Moçambique disso que entendia serem necessários 10 milhões, e não 7 ou 4, como aqui se tem dito.

O leader nacionalista fez também uma crítica ao artigo 1.° votado nesta Câmara sôbre o empréstimo, e mostrou como só por falta de conhecimento é que podia ter-se feito a redacção que tem o artigo.