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Sessão de 27 de Junho de 1924 23

O Sr. Santos Barriga : — A saída desta casa do Parlamento dum dos seus melhores representantes tem neste momento uma especial importância, porque representa o desânimo dum homem que sempre soube harmonizar os interêsses do seu partido com os superiores interêsses do país.

Tive ocasião de colaborar com o Sr. Tomo de Barros Queiroz em algumas comissões, e verifiquei que sempre um alto patriotismo ditava a sua maneira de proceder.

Em meu nome pessoal e dalguns Deputados independentes, faço a proposta para que todos os lados da Câmara se façam representar junto da Mesa e a acompanhem, para assim dar mais realce ao acto que tem por fim demover S. Exa. dos seus propósitos.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Ferreira de Mira: — Ainda ontem, numa reunião de correligionários meus, tive a honra de representar o Sr. Barros Queiroz, agradecendo as homenagens que lhe foram prestadas. Considero-me neste momento no uso da mesma procuração, para que tenho alguns direitos, que são os duma velha amizade pessoal e política.

Agradecendo a todos os oradores que me antecederam, eu tenho de dizer que o acto do Sr. Barros Queiroz não representa desânimo, nem quanto aos destinos da República, nem quanto aos destinos do seu partido, onde continua a militar.

O seu acto representa apenas um protesto político contra uma das machadadas que se quis dar no regime parlamentar, mas não significa o abandono da política republicana.

S. Exa., sempre que a República dele precise para qualquer pôsto, e sejam quais forem os incómodos que de tal lhe possam resultar, estará pronto a assumi-lo com o mesmo leal carácter, com a mesma energia de sempre. Tinha que dizer estas palavras em referência, principalmente, ao ilustre Deputado monárquico Carvalho da Silva, que em má hora pretendeu ver no gesto do Sr. Barros Queiroz qualquer descrença de S. Exa. no futuro, nas prosperidades da República.

Repetindo, em nome do Sr. Barros Queiroz, os agradecimentos com que iniciei estas breves palavras, e só espero que todos nós, nesta Câmara, e nisto não ofendo ninguém, tenhamos sempre para tratar, os assuntos submetidos à nossa discussão, a mesma proficiência não posso dizer, mas, pelo menos, o mesmo carácter de lealdade que tem tido S. Exa.

Tenho dito.

O discurso será publicado na integra, revisto pelo orador, quando, nestas condições, restituir as notas taquigráficas que lhe foram enviadas.

O Sr. Carvalho da Silva: — Sr. Presidente: o ilustre Deputado Sr. Ferreira de Mira, pessoa por quem tenho a maior consideração e o maior respeito, aludiu às minhas palavras sôbre a carta do Sr. Barros Queiroz, dizendo que as proferi em má hora. Fi-las, sem duvida em má hora, mas para o país; em tam má hora que é o próprio Sr. Barros Queiroz quem o reconhece. Não quis de modo algum ser desagradável para com o Sr. Barros Queiroz, a quem êste lado da Câmara sempre tem prestado as homenagens da sua consideração, mas factos são factos.

É dentro desta casa que se estabelece u caminho da administração pública; é dentro desta casa que se resolvem os problemas nacionais.

O Sr. Barros Queiroz, reconhecendo que a sua acção era improfícua dentro desta casa, reconheceu implicitamente que a República aqui representada não pode enveredar por um caminho diferente daquele por que tem enveredado. Foi esta a única conclusão que tirei, porque os factos me levaram a tirá-la.

Tenho dito.

O orador não reviu.

É aprovada a proposta do Sr. Santos Barriga.

O Sr. Presidente: — Para acompanharem a Mesa nas suas novas diligências junto do Sr. Barros Queiroz, o Grupo Democrático indicou já os Srs. António Maria da Silva e Rodrigues Gaspar. Agradeço, pois, a indicação dos restantes partidos representados nesta Câmara,

O Sr. Pina de Morais: — Sr. Presidente: há cêrca de um mês tive a honra