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22 Diário da Câmara dos Deputados

países leva-me a afirmar, com uma certeza quási absoluta, o que acabo de declarar.

Nesta ocasião nós, tendo amortizado em seis anos 65 milhões na nossa dívida interna, não chegando até essa dívida a 32:000 ou 33:000 contos no valor actual da moeda, verificamos que a Nova Zelândia por exemplo, tem uma dívida de 108 milhões de libras.

Confessar ao mundo que nós com uma dívida tam pequena não a podemos satisfazer, nós a terceira potência colonial, é proceder de uma forma muito condenável.

Falo com toda a sinceridade, não me move um único intuito político, procurando convencer os homens pela expressão sincera do que sinto. Como português, que tenho andado por êsse mundo, que tenho tomado parte nos acontecimentos da nossa história, sentia-me deminuído por não ver que o meu país, que ocupa um lugar tam grande na história, se visse reduzido um dia à triste situação de não poder pagar uma miséria.

Eu quero a política de confiança, a política de fé que o Sr. Álvaro de Castro apregoa, mas quero que essa política de confiança seja levada até ao estrangeiro, onde a cada passo se deminui aquela história.

Estou certo que em três anos será impossível com as nossas receitas equilibrar a nossa vida, pois não temos estradas, nem serviços completos, e somos um país desprovido de todos os elementos necessários para o nosso desenvolvimento, tendo de ir buscar ao estrangeiro todos os recursos que são precisos, isto quando não haja quem empreste Estado Português.

Eu ouço dizer que as causas da nossa situação são as especulações dêstes e daqueles.

Eu, quando Ministro das Finanças, não tinha recursos, e vi que era preciso ir buscá-los à praça, mas hoje o estado tem os recursos das cambiais de exportação, e não precisa estar sujeito às especulações dos banqueiros.

Estabelece-se dialogo entre o orador e o Sr. Álvaro de Castro.

O Orador: — Diz-se, como eu apontava, que a causa da nossa situação são os especuladores.

Eu não sou dessa opinião.

Emquanto não podermos estabelecer a fixação da nossa moeda, havemos de ter dificuldades, e eu pregunto: como é que, depois do que se tem praticado, poderemos recorrer ao crédito interno ou externo?

Estas é que são as razões da nossa situação, e não as que por especulação política muitos apresentam.

No dia 7 dêste mês, quando em França Herriot foi visitar a sua terra natal, teve ocasião de dizer que o primeiro dever de um Govêrno é fazer valorizar o crédito nacional, e acrescentou: «e posso afirmar que não cometerei nenhuma imprudência que o faça deminuir».

São estas as palavras de um homem que tem uma grande autoridade para as dizer. Muita gente faz injustiça aos esquerdistas, supondo-os defensores de uma política de calote. Não é assim.

Terminando, declaro daqui ao Sr. Presidente do Ministério que pode contar o Govêrno com o meu apoio desvalioso, mas sincero, se seguir no caminho de ama política de que possa resultar o crédito nacional. Em caso contrário nego-lhe o meu apoio. Não lho poderei dar.

Tenho dito.

O discurso será publicado na íntegra, revisto pelo orador, quando, nestes termos, restituir as notas taquigráficas que lhe foram enviadas.

Antes de se encerrar a sessão

O Sr. Hermano de Medeiros: — Sr. Presidente: é sempre mau falar no momento de se encerrar a sessão, porque a Câmara dos Deputados, nessa altura, desculpem-me a frase, parece um levantar de feira; está toda a gente com pressa de abandonar esta sala.

Sr. Presidente: eu desejava ser escutado pelo Sr. Ministro da Agricultura. Não sei se a praxe pode autorizar S. Exa. a responder-me desde já, visto que não terminou ainda o debate político que está travado por virtude da apresentação do Ministério. Mas possa ou não responder-me, o que eu pretendo é que S. Exa. atenda ao que vou dizer, relativamente à situação que foi criada a dois funcionários do Estado, que desempenham as suas funções no distrito de Ponta Delgada.