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Sessão de 16 de Julho de 1924 17

país, embora o possa haver sem que eu o saiba, que tenha tentado sair das suas dificuldades financeiras senão produzindo primeiro o equilíbrio orçamental.

Em Inglaterra, que pode ser tomada como um modelo em matéria financeira, como em outros aspectos da sua vida, não sei que tenha havido, através da sua história longuíssima de crises financeiras, quaisquer estadistas que tenham recorridos a outros processos que não seja o equilíbrio do orçamento pela redução de despesas e pela votação, rápida de medidas criando receitas. Sabem todos que êsse e outros países se encontram armados de regimes tributários de fácil cobrança, duma justeza de cobrança muitas vezes superior à do nosso. Por todos êstes motivos foi que «u disse que a obra a realizar não poderia ser só obra minha, mas de todos, do Parlamente, embora seja muito dos homens que se sentarem no lugar de Ministro das Finanças pelos seus propósitos de fazer economias, pela firmeza com que procurem levar à prática certas medidas que produzam receitas.

Sr. Presidente: não desejo fatigar a atenção da Câmara e, por conseqüência, vou terminar, declarando que não tive nenhum propósito de levantar a minha bandeira ou o meu escudo, pois nunca o fiz na minha vida pública. Tenho as minhas opiniões, tenho na verdade uma certa vaidade em as ter, não me envergonhando delas, e sei defendê-las em todos os campos; porém, não molesto ninguém, não tenho sciência que a qualquer pessoa faça sombra.

Apenas possuo uma fé que nunca me tem abandonado através de tudo, e que me dá a convicção de que nós, os republicanos, havemos de elevar a República à situação que todos desejamos.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Presidente: — Para substituir o Sr. Abranches Ferrão, na comissão de negócios eclesiásticos, foi nomeado o Sr. Pamplona Ramos.

O Sr. Cunha Leal (para explicações): — Eu não podia deixar de usar da palavra, por algumas referências menos justas feitas pelo Sr. Álvaro de Castro, durante o

Uma delas é S. Exa. estranhar que se trouxesse para o debate uma discussão estranha à apresentação do Govêrno.

Eu pregunto de quem é a culpa.

Não foi o Sr. Álvaro de Castro que no seu discurso veio fazer a apologia da sua política?

S. Exa. veio para aqui tratar dêsse assunto em lugar de receber o Govêrno, como todos tínhamos feito,

Apoiados.

Àparte do Sr. Álvaro de Castro, que não se ouviu.

O Orador: — Depois disto, nós não podíamos deixar de levantar a questão, e se há culpa no retardamento dêste incidente, a culpa pertence incontestavelmente ao Sr. Álvaro de Castro.

Apoiados.

O Sr. Álvaro de Castro fez outra afirmação não menos injusta: disse que eu tinha rejeitado as medidas que por mim foram apresentadas.

Quando apresento as minhas medidas, não as enjeito: são minhas.

O Sr. Álvaro de Castro tem uma memória de ferro, e eu poderei dizer-lhe que ainda tinha mais medidas a apresentar, e, em quanto ao imposto de rendimento, eu não procederia em quanto o Parlamento não o indicasse.

O Sr. Álvaro de Castro, a seguir, lembrou o meu radicalismo, e verificou que eu tinha uma colecção de impostos.

Tenho visto que muitas vezes se fala em radicalismo e em conservantismo, sendo diferentes as ideas que cada una tem destas palavras.

Eu vou dizer qual é a minha.

Penso que as sociedades modernas tem a tendência profunda para a desagregação.

Parece que a fôrça subversiva as quere afundar.

O exemplo da Rússia não é isolado.

Constato que nessas sociedades nasce uma espécie de regresso à tradição: na procura de livros antigos, na procura de objectos de arte antiga, e até na tendência de melhor estudar as organizações político-sociais dos antigos tempos.

Estudando a vida social, reconheci que era perigoso caminhar mais depressa do que se devia.

Por isso sou conservador.