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12 Diário da Câmara dos Deputados

tes, principalmente numa hora em que se discute o problema das reparações.

Em que consiste para nós o problema das reparações?

Consiste em que temos uma dívida para com a Inglaterra, e temos ara crédito na Alemanha.

Para que nós possamos exercer a nossa acção de obrigatoriedade é necessário que nos envolvamos com as outras nações que andam nessa política de solidariedade.

Sob vários aspectos, a nossa política aproxima-se mais da França que da Inglaterra.

A França e a Inglaterra têm encarado o problema das reparações de modo diferente.

Nós entramos no acordo, mas pelo nosso procedimento, como poderemos impor as nossas reivindicações e exigir da Alemanha que faça o que nós não fazemos?

Sr. Presidente: eu julgo que um político que pensasse a sério neste momento no problema internacional, não fazia a política que fez o Sr. Álvaro de Castro.

S. Exa. disse que foi o único que fez essa política e que foi o primeiro que não pagou, e o Sr. Rodrigues Gaspar acrescentou que queria continuai a não pagar.

Embora S. Exa. possa dar a todos lições teóricas, há quem dê a S. Exa. lições práticas, e eu quero chamar a atenção de S. Exa. para o problema insolúvel da nossa vida interna.

A Câmara assentou que um aumento de circulação fiduciária contribuiria para a desvalorização da moeda.

Sr. Presidente: eu já tive ocasião de dizer quais os factores que entram na valorização e desvalorização da moeda.

Disse eu nesta Câmara que nos imaginássemos na situação do começo da guerra.

Imaginemos que continuávamos nos nossos invariáveis oitenta e tal mil contos de circulação fiduciária, mas havendo circunstâncias que impediam as nossas exportações de se realizarem normalmente, e tendo as importações mantido uma situação de equilíbrio, ao fim de um certo tempo a procura de divisas ouro era maior que a oferta das mesmas divisas.

E eu pregunto, se então apesar de mantida a circulação fiduciária nos mesmos limites de antes da guerra, não se poderia dar a necessária desvalorização da moeda.

Nessa altura imaginámos que estando a libra a 5$, vinha para 20$. Seria possível com a quarta parte do valor ouro da circulação fazer o movimento total do país? Nessa altura surgiriam os queixumes da paralisação da vida comercial e sentir-se-ia, como conseqüência disso, o aumento da circulação fiduciária.

Dir-me-hão: mas nunca poderá a circulação fiduciária ser causa da desvalorização da moeda?

Imaginemos que a nossa política era perfeitamente contrária à que temos seguido, que não tendo havido necessidade de nenhum aumento de circulação fiduciária, o fazíamos como fizemos, para satisfação das nossas necessidades. Nessas condições se o mais pequeno pânico se produzisse, haveria a natural tendência em procurar a aquisição da nota, em se fazer a compra de moeda estrangeira por parte daqueles que não confiavam nos destinos da nação. Nessas condições ainda evidentemente a desvalorização da moeda tinha como causa o aumento da circulação fiduciária.

Sr. Presidente: vejamos então como é que um país com uma circulação fiduciária como nós temos, pode contudo viver, como é que as circunstâncias da vida se poderiam normalizar?

Creio que isso só se poderia fazer por uma intensificação da vida bancária.

Vejamos:

Quási todas as crises que tem havido, di-lo um autor espanhol, são crises de contas correntes, e êle cita êste exemplo: imaginemos que tenho 1:000 pesetas e que as vou depositar no banco A; êsse banco paga por essa quantia um certo juro.

Não posso acreditar que êsse banco conserve o valor inactivo; aparece qualquer freguês do banco e êle desconta-lhe uma letra de 1:000 pesetas.

O dinheiro é sempre uma moeda que corre para a compra de valores, mas não há dinheiro.

O comércio queixa-se, e diz que os bancos não descontam; os bancos dizem que o Banco de Portugal não desconta, e assim a vida industrial também não au-