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Sessão de 15 de Julho de 1924 9

mentalmente as ilações que agora S. Exa. à sobreposse quis tirar dos factos decorridos durante o debate que deu origem à queda do gabinete a que S. Exa. presidia.

Emfim, S. Exa. afirma que não foi aqui considerada como má, como péssima, a sua política financeira, e, para contestar as minhas afirmações, escuda-se em não sei que vagas afirmações aqui feitas pelo Sr. Vitorino Guimarães.

Eu respeito muito o carácter do Sr. Vitorino Guimarães, e por isso não acredito que S. Exa. fôsse capaz, mesmo obrigado pela sua condição de leader dum partido, de apresentar uma moção que no seu conteúdo fôsse o desmentido de afirmações feitas por S. Exa. anteriormente. Ainda me recordo de ter lido nos jornais, porque à sessão respectiva não assisti, estas afirmações feitas à Câmara no dia 9 de Abril último, e como é necessário que elas não sejam esquecidas pelos políticos e sobretudo pelos Srs. Vitorino Guimarães e Álvaro de Castro, e para que não dêmos à política republicana o aspecto duma baixa política partidária contrapondo-se aos altos interêsses nacionais, é bom que nós reavivemos de vez em quando a memória frágil de S. Exas.

Vou reportar-me ao extracto do Diário de Notícias de então, pelo qual se vê que o Sr. Vitorino Guimarães teria falado no completo sentido das minhas considerações.

Uma pequena interrupção: há já quem chame a êste empréstimo-ouro, o empréstimo-latão, por o Sr. Álvaro de Castro o ter transformado nisso.

Pela leitura do Noticias vê-se que o Sr. Vitorino Guimarães considera a política financeira do Sr. Álvaro de Castro como uma tentativa de amarrar ao pelourinho a sua política.

Não irei mais longe por agora no esmiuçar desta interpelação, mas pregunto à consciência da Câmara o que é que o País pode ter de respeito por homens públicos que ontem afirmavam neste lugar que as medidas do antigo Presidente do Ministério e Ministro das Finanças, que o actual Govêrno se propõe continuar, eram ofensivas da boa moral dos contratos, dos interêsses do Estado e do bom nome de Portugal, e dois ou três meses depois têm porventura a audácia de dizer
que são em tudo serventuários desta política de crimes, como a classificava o Sr. Presidente do Ministério há pouco tempo!

Se eu tivesse proferido nesta Câmara as palavras que são atribuídas ao Sr. Vitorino Guimarães por todos os jornais, e se o antigo Ministro das Finanças viesse aqui dizer que determinada moção, que não podia evidentemente conter senão a condenação da política financeira do Govêrno anterior, era de significativa aprovação a essa política, eu ter-me ia levantado imediatamente para repudiar uma afirmação que ia de qualquer forma contra o meu carácter.

Apoiados.

Mas deixemos por momentos as afirmações que o antigo Sr. Presidente do Ministério pôs na boca do Sr. Vitorino Guimarães, e que eu por honra dêste Deputado me apressei a repudiar.

Pregunto agora porque foi rejeitada a moção do Sr. Carlos Olavo!

Quem foram as pessoas que aprovaram, por conseqüência, a moção do Sr. Vitorino Guimarães?

Quem reprovou a moção do Sr. Carlos Olavo foram as minorias, uma parte dos independentes e alguns democráticos, como os Srs. Portugal Durão, Vasco Borges, Nunes Loureiro e Marques de Azevedo.

Não foi, portanto, um bloco propositadamente constituído para deitar abaixo o Govêrno.

Foi um encontro ocasional de votos, de votos de pessoas que não queriam que ficasse aprovada pelo Parlamento uma moção em que se dizia que o Govêrno tinha cumprido sempre o seu dever, e que o Parlamento apoiava a sua política financeira e económica.

Foi rejeitada iniludìvelmente essa política.

A seguir, porém, o Sr. Vitorino Guimarães apresentou uma moção que não podemos considerar senão como prémio de consolação dado ao Sr. Presidente do Ministério transacto.

O que significa essa moção?

Significa que o Govêrno anterior não estava bem constituído. Mas quais foram os elementos dêsse Govêrno que mereceram o desagrado da Câmara, e quais os que foram atacados dentro desta casa?