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8 Diário da Câmara dos Deputados

ra neste momento, em que o Orçamento está em discussão.

Também entendo que o artigo 7.° que trata de espólios e heranças contém matéria de deminuição de receitas também.

Precisamos discutir êste assunto sem que nos envergonhemos. O Poder Executivo precisa dar a sua opinião.

O princípio de pulverização das receitas do Estado ficará assim esclarecido na regulamentação necessária.

O orador não reviu.

Leram-se e foram admitidas as emendas, ficando em discussão as seguintes propostas:

Proponho, que o adicional a que se refere o artigo 1.°, seja até 5 por cento e incida sôbre as contribuições directas do Estado.— Velhinho Correia.

Proponho a eliminação dos §§ 1.°, 2.° e 3.° do artigo 1.° - Velhinho Correia.

ORDEM DO DIA

O Sr. Presidente: — Vai entrar-se na ordem do dia.

Estão em discussão as actas.

Ninguém pede a palavra, consideram-se aprovadas.

Continua o debate político sôbre a apresentação do novo Ministério.

Tem a palavra o Sr. Cunha Leal.

O Sr. Cunha Leal: — Sr. Presidente: na quinta-feira passada falou sôbre o debate político o Sr. Álvaro dê Castro.

Ouvi-o com toda a atenção, com aquela atenção que naturalmente lhe é devida pela alta posição que ocupa dentro da República, e ainda pelas posições que, porventura, está destinado a ocupar.

De facto, através de todos os incidentes da vida política portuguesa ultimamente produzidos, creio que o Sr. Álvaro de Castro a si próprio se destinava a ser um tercius gaudet, naquela luta de galos em que anda empenhada a maioria democrática; e assim, é muito possível que não tendo a devida cautela os Srs. Domingues dos Santos e António Maria da Silva, o Sr. Álvaro de Castro, emquanto êles jogam as cristas, possa vir novamente a ocupar o poleiro por direito de conquista.

S. Exa. assumiu uma atitude estadista, e gravemente falou numa austeridade que se não recomenda de maneira alguma com as mais fantásticas ilusões.

Já tive ocasião de dizer que não sou desmemoriado.

Como me permitisse o direito de fazer ao Sr. Álvaro de Castro um pequeno àparte, disse-me S. Exa.:

« - Não se precite, Sr. Cunha Leal; não se precipite».

Agradeço ao Sr. Álvaro de Castro o seu conselho.

Agradeço a S. Exa. o conselho que então me deu e que eu tomei logo como bom.

S. Exa. era um César ocupando uma posição dominante no Capitólio, e como via que ao pó existia a Rocha Tarpeia, teve todo o cuidado em me avisar para que eu não pusesse um pó em falso, e me despenhasse por ali abaixo.

Agradeço ao Sr. Álvaro de Castro mais uma vez o conselho, e vou tomá-lo como regra durante a resposta às suas considerações. Não me precipitarei.

E se me não é possível imitar em tudo S. Exa., é simplesmente por que eu costumo considerar como boa aquela velha prática dum dos mais ilustres espíritos da França: «a pior de todas as desonestidades é um mau raciocínio».

Ora o Sr. Álvaro do Castro fez péssimos raciocínios durante o seu discurso.

Portanto, procurarei imitá-lo em tudo menos nos seus raciocínios.

Sr. Presidente: como não costumo fazer afirmações que não provo, vou procurar demonstrar como são falsos os raciocínios do Sr. Álvaro de Castro.

S. Exa. começou por contraditar a minha afirmação de que a rejeição da moção do Sr. Carlos Olavo e a aprovação da moção do Sr. Vitorino Guimarães significavam uma absoluta reprovação da Câmara a respeito da sua política económica e financeira.

S. Exa. disse que eu não tinha o direito de esquecer as palavras que tinham acompanhado a votação das moções. Parece que S. Exa. apenas me recomendava que eu esquecesse aquelas afirmações que êle tinha feito em carta ao Sr. Presidente da República, e que contraditam funda-