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Sessão de 15 de Julho de 1924 13

menta porque não pode viver nos limitados recursos de que dispõe.

Uma política como a que se tem seguido conduz pois à guerra das classes, e temos os banqueiros contra os bancos, e os industriais contra os bancos, lutando todos uns contra os outros, representando o Estado, como cúpula de todo êste edifício, o papel de quem está vendo uns cães lutando uns contra os outros, e instigando-os.

Sr. Presidente, foi esta a política do Sr. Álvaro de Castro.

Começou péla redução de várias despesas.

Em seguida reduziu os juros do empréstimo de 6,5 por cento.

Por outro lado declarou falidas as instituições bancárias, afastando os depositantes dos bancos.

Tudo isto é estagnar a vida social, e eu tenho um profundo sentimento em ver os novos estadistas seguirem uma tal política que conduz à morte.

Eu faço justiça às intenções do Sr. Álvaro de Castro, mas não posso deixar de dizer que a sua política nos conduz a tais condições.

Nós verificámos que essa política conduz à desvalorização da moeda. Afirma-se que essa política suprimira o déficit, e afinal consta-nos que até se vendem as pratas da casa.

Se o deficit seria extinto brevemente, apenas com um pouco de esfôrço, porque foi o Govêrno desfazer-se da cota que era indispensável ao crédito nacional?

Pois não bastariam os 80:000.000$ da cobrança da contribuição industrial para extinguir o déficit? Pois foi justamente nessa, altura que o Govêrno praticou a segunda parte da sua política de falência, alienando a prata.

O Sr. Álvaro de Castro enviou para os jornais uma nota oficiosa a respeito dos antecedentes da venda da prata.

Nunca é demais nós marcarmos a nossa posição em face dêste assunto.

O Sr. Álvaro de Castro atribuiu-me e ao Sr. Vitorino Guimarães responsabilidades nesses antecedentes. Eu sacudo essa amável referência do Sr. Álvaro de Castro.

Não tenho fetichismo pela prata. Se amanhã tiver uma colecção de moedas de cinco tostões em minha casa, e verificar que o valor dessas moedas é muito instável, poderei certamente pensar em trocá-las pelo valor ouro, que é mais estável. Foi isso o que eu e o Sr. Vitorino Guimarães pretendíamos.

Mas o Sr. Álvaro de Castro, depois de declarar que a boa política consiste em não pagar a quem se deve, entrou, sem ter esgotado a capacidade tributária, na alienação das pratas da casa um caso absolutamente diverso.

Sr. Presidente: o Sr. Álvaro de Castro julgou-se, pela sua permanência no Poder, fadado para altos destinos.

Nós não queremos nenhuma das glórias desta tal política de salvação, a que nós chamamos política da morte do crédito nacional.

No momento em que é necessária a solidariedade internacional, no momento em que seria fácil reduzir fundamentalmente as despesas públicas, e exigir depois disso aquilo que o contribuinte deveria pagar sabendo para quê, aparece o Sr. Álvaro Castro que se pretende arrogar de ser um grande estadista, e faz uma política financeira absolutamente nefasta ao país, embora S. Exa. tenha boas intenções.

O Partido Nacionalista não quere esta responsabilidade, e deixa ao Sr. Rodrigues Gaspar a glória de ser o coutinuador das pisadas do Sr. Álvaro de Castro.

Como somos homens de ordem não fazemos revoluções, ruas protestaremos energicamente contra essa política. E se os Srs. Portugal Durão, Vitorino Guimarães e Vasco Borges, que connosco protestaram contra tal política, agora a acham boa, que assumam essa responsabilidade, porque a Nação avaliará a sinceridade dos seus intuitos.

Não pretendo ferir o Sr. Álvaro de Castro; simplesmente considero a sua política de asfixiante para a vida nacional.

O Sr. Álvaro de Castro está como um general que, depois de ver caídos os seus soldados, ficasse muito satisfeito por êle sozinho ter ficado em campo.

S. Exa. não soube servir a Nação. O País que nos julgue a todos.

As maiorias que governem com inteira responsabilidade sua.

Nós havemos de lutar pelos nossos direitos. Temos um regimento nesta casa, temos a nossa energia e havemos de pró-