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14 Diário da Câmara dos Deputados

ceder segundo os nossos direitos, sem intuitos de especulação e simplesmente com o intuito nobre de bem servir o País.

Tenho dito.

O orador foi muito cumprimentado.

O discurso será publicado na integra, revisto pelo orador, quando, nestes termos, restituir as notas taquigráficas que lhe foram enviadas.

O Sr. Álvaro de Castro: — Sr. Presidente: escusado será afirmar mais uma vez o que a Câmara já conhece pelas palavras que pronunciei. Nunca me coloquei no Capitólio e muito menos precipitei na Rocha Tarpeia o Sr. Cunha Leal. Se S. Exa. nela foi precipitado, foi por si mesmo.

O Sr. Cunha Leal afirmou aqui no outro dia que não tinha apresentado qualquer proposta, acabando com o imposto pessoal do rendimento, quando é certo que S. Exa. subscreveu uma proposta nesse sentido, quando foi Ministro das Finanças.

O Sr. Vitorino Guimarães, como leader do Partido Democrático, não tinha de esquecer-se de palavras que não pronunciou na sua qualidade de leader, mas em nome pessoal.

O Sr. Vitorino Guimarães fez uma interpelação a propósito da fixação do juro do empréstimo, em seu nome individual, e tanto assim, que, sendo S. Exa. uma das figuras mais categorizadas do seu Partido, aceitou a votação dele, que era no sentido contrário àquele que expusera.

O Sr. Vitorino Guimarães quando se tratou da votação das moções que deram lugar à crise do Govêrno a que tive a honra de presidir, produziu palavras muito claras, que neste momento não posso reproduzir integralmente, porque não disponho do Diário das Sessões, mas que me recordo que visaram a salvaguardar uma posição, a qual era de que o Ministério deveria ser recomposto sob a minha presidência.

Todavia, eu queria saber se a opinião que S. Exa. manifestou era do Partido Republicano Português ou meramente pessoal, e do Directório dêsse partido recebi uma carta, a que já tive ocasião de fazer referência, na qual, de um modo geral, aplaudia a obra financeira do Govêrno.

Foi êste o ponto em que coloquei a questão, não alterando nenhuma das palavras pronunciadas por ninguém para chegar à posição que alcancei.

O Sr. Presidente do Ministério actual não foi coagido a aceitar o cargo, porque o Partido Republicano Português, sozinho, tendo maioria, pode governar.

Nem eu nem os amigos que me seguem nesta Câmara fizeram ao Sr. Presidente do Ministério qualquer restrição; marcaram unicamente uma posição de princípios e propósitos, que são os únicos que nos podem guiar.

O Sr. Cunha Leal sabe que sou fácil em aceitar situações que não derivem de personalidades, mas que sejam úteis à República. S. Exa. não se pode esquecer que, quando assumi a presidência de um Ministério, em condições diferentes das que aceitei ultimamente, não tive dúvidas, sabendo que S. Exa. tencionava estabelecer o imposto de rendimento, em ligar às suas as minhas responsabilidades, apesar do Sr. Cunha Leal vir do extremo radicalismo.

Não teve, portanto, o Sr. Presidente do Ministério necessidade de engolir caroço nenhum.

Sr. Presidente: o Sr. Cunha Leal não tinha o direito dê se referir a mim nos termos em que o fez, porque, se bem que tivesse entrado na campanha contra um Ministro das Colónias, com os elementos que possuía, não tinha outro intuito que não fôsse defender a República de maus funcionários. Mais tarde, quando fui Presidente do Ministério, deixei inteira liberdade ao Ministro das Colónias para resolver o assunto e escolher o colaborador que entendesse para a administração dessa colónia.

Mas, Sr. Presidente, não foi o Sr. Cunha Leal que mandou repor ao Sr. Augusto de Vasconcelos determinada quantia no Ministério das Finanças?

Não está S. Exa. ligado hoje ao mesmo Partido?

É porque reconheceu que o seu acto, como Ministro das Finanças, tinha sido precipitado, e nesta altura está arrependido, considerando o Sr. Augusto de Vasconcelos como um dos seus correligionários mais valiosos e honestos, como, aliás, todos nós o reputamos.

Não proclamei nunca a falência do Es-