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20 Diário da Câmara dos Deputados

quenez dos homens, os acontecimentos, sobrepondo-se aos homens, os triturarão.

A vida, como já o disse, tem altos e baixos, tem fases de miséria e fases de prosperidade. Nós havemos de chegar a uma fase de prosperidade, apesar de haver Ministros das Finanças como o Sr. Álvaro de Castro.

Tenho dito.

O discurso será publicado na integra, revisto pelo orador, quando, nestes termos, restituir as notas taquigráficas que Lhe foram enviadas.

O Sr. Vitorino Guimarães: — Sr. Presidente: serei muito breve, não só porque entendo que não é a propósito da declaração ministerial que a ocasião é oportuna para tratar de assuntos tam importantes, coma o das reparações e outros que aqui foram versados, embora, na verdade, seja muito interessante e conveniente que a Câmara deles se ocupe num debate para que os Deputados venham especialmente preparados.

Além disso, concordando eu plenamente com a organização e orientação do actual Govêrno, não fazia sentido que viesse com as minhas palavras concorrer para que se prolongasse êste debate, estando nós numa sessão legislativa prolongada, em que muito poucas sessões nos faltam para o encerramento do Parlamento e quando há assuntos do mais alto interêsse nacional a discutir. Por tudo isso custa na verdade a acreditar que se gastem, oito dias a discutir a apresentação do Govêrno, pois ainda hoje não termina o debate!

Pregunto: como é que o Govêrno pode trabalhar, e como é que, dado o pequeno número de sessões que restam até o encerramento do Congresso, êste pode cumprir o seu dever, que é habilitar o Poder Executivo com os meios necessários para governar?

Perante as palavras pronunciadas pelo Sr. Cunha Leal, não podia deixar de dar explicações aos meus colegas.

Por uma questão de sentimento e de educação nos actos da minha vida, prezo-me de ser sempre um reflectido e ponderado.

Nunca me deixei levar por leviandades ou aventuras, e assim quando uma vez na minha vida política vim filiar-me num partido, eu pensei maduramente no acto que
ia praticar, e tive de reconhecer que, praticando êsse acto, eu abdicava, não da minha liberdade de pensar, mas da minha liberdade de agir e proceder.

Assim, Sr. Presidente, sendo Deputado desde as Constituintes, apenas com intervalo da ditadura Sidónio Pais, só uma vez na minha vida falei em meu nome pessoal, e isto não quere dizer que eu tenha estado durante êste período em absoluta e completa harmonia com os meus correligionários, mas é que estando num partido e, sendo essencialmente democrata, tenho de seguir o princípio basilar das democracias, em que quem manda são as maiorias, o desde que a maioria dos meus correligionários, desde que a maioria dos membros do meu partido — onde me sinto muito bem e tenho uma grande honra de me encontrar desde que a sua maioria assenta num determinado proceder, tenho de me submeter, e não só por um espírito de submissão, mas por reconhecer as qualidades de honestidade e de patriotismo que revestem todos os homens do meu partido. Por isso tenho obrigação de concluir que sou eu que vejo mal, e que a grande maioria dos outros que pensa duma determinada maneira é porque assim interessa ao regime.

E assim estou perfeitamente à vontade para explicar a minha atitude, para dizer ao Sr. Cunha Leal que, na verdade, não repudio uma única das palavras que aqui produzi, e que S. Exa. teve ocasião de ler à Câmara. Mas então estava eu unicamente em causa, e vim aqui falar em meu nome pessoal, apesar de que, por um princípio de disciplina, só aqui ter vindo depois de autorizado pelo meu partido.

Apoiados.

Quando, porém, há dias tive ocasião de aqui falar e apresentar uma moção, eu não disse, nem tinha de dizer, qual era o meu modo de ver pessoal; representava uma agremiação que ire dera essa honra, e era, portanto, a maioria dessa agremiação que estava falando, pela minha boca; e ainda se dava q caso de que, apesar das divergências que efectivamente se manifestaram entre mim e o Sr. Álvaro de Castro, e que foram traduzidas na minha moção, eu não era contrário senão a uma parte da obra realizada por S. Exa., porque aplaudia o objectivo que