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20 Diário da Câmara dos Deputados

se ser alguém na nossa terra, é preciso roubar!

Há mais alguma cousa em que eu não queria tornar a falar, que é nas minhas relações com o filho dêsse Deputado. Que não estavam de mal. Ah! Sr. Presidente! Então ou, pobre, nessa altura ainda estudante, tinha de durante meses sustentar êsse rapaz, de viver em camaradagem com êle, porque não possuía casa onde se acolher, tendo um pai que o podia auxiliar?! Se não estavam de mal, tanto pior ainda, porque o filho foi abandonado, e, nessas circunstâncias, o fui levar à prisão a ver seu pai, e mostrei-lhe que a êle devia respeito e que numa situação difícil o devia acompanhar. Não sei se hoje estão presentes, mas ontem estavam, Jaime Cortesão, Raul Proença, Augusto Martins, Mira Feio, etc., que conhecem a inteira verdade das minhas palavras. E podia dizer mais, mas não o digo. Podia dizer dos insultos sangrentos que estiveram para borbotar da pena do filho e que não borbotaram porque o meu coração não permitiu que tais ofensas fossem feitas por um filho a seu pai.

Sr. Presidente: não quero falar mais sôbre o assunto, mas também não podia consentir que esta sessão ficasse debaixo desta terrível impressão: falta de respeito pela Pátria o pela República.

A minha moção está na Mesa; vamos votá-la e assim acabará esta sessão de maneira que honre as tradições desta casa.

Tenho dito.

O orador não reviu.

Foi lida a emenda apresentada pelo orador a sua moção.

É a seguinte:

Emenda

A Câmara convida o Sr. Ministro da Instrução a que continue a manter a energia e decisão que o caso requere, principalmente em vista dos factos aqui apresentados.

O Deputado, Leonardo Coimbra.

O Sr. Morais Carvalho: — Sr. Presidente: a minoria monárquica não vota e moção que está na Mesa, porque entenda que, havendo uma sindicância pendente aos actos do professor Sr. Homem Cristo, o que depois se estendeu a toda a Faculdade de Letras do Pôrto, o Parlamento não deve intervir nessa discussão.

A moção termina em termos de ser uma moção de confiança ao Sr. Ministro da Instrução. A.minoria monárquica não a vota.

Sabendo-se que o sindicante fizera um comício na Faculdade de Letras do Pôrto o Sr. Ministro não devia esperar,que êle pedisse a demissão, tinha apenas que o demitir e nomear outro.

Também se não compreende a preocupação do Sr. Ministro em conciliar.

O seu pensamento devia consistir apenas em fazer justiça.

Repito, o Parlamento não tem nada com o caso.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Ministro da Instrução (Abranches Ferrão): — O Sr. Morais Carvalho foi injusto nas palavras que proferiu, porque elas não correspondem nada â verdade.

Eu disso, ontem, que tinha procurado um homem que reunisse as qualidades de energia e imparcialidade e uma outra, a de conciliador, para benefício do ensino e da própria Faculdade.

Mas, notem V. Exas., se isso fôsse possível.

Não conhecia absolutamente nada do que se tinha passado, nem das acusações, nem de cousa alguma.

Nestas condições não fiz mais do que cumprir o meu dever.

De resto, quando o sindicante, realmente numa precipitação lastimável, tornou públicos os resultados a que entendeu ter chegado no seu inquérito, resolvi imediatamente substituí-lo.

Não sei o que o Sr. Morais Carvalho desejava que eu fizesse.

Até hoje não nomeei outro sindicante, pela razão simples do ser necessário pôr em ordem todos os documentos que têm de fazer parte do processo.

O orador não reviu.

O Sr. Morais Carvalho: — O Sr. Ministro da Instrução declarou que eu tinha sido injusto.

Vamos ver se assim foi.

O Sr. Ministro pôs a questão perante a Câmara. Entendo que não é a Câmara, mas ao Sr. Ministro a quem compete resolver o assunto.