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16 Diário da Câmara dos Deputados

viver sem justiça, só um povo pode viver sem educação pública.

Ainda, ha pouco ouvi censurar o Si'. Ministro do Comércio e Comunicações por ter fundado escolas, escolas e escolas.

Não venho fazer nada a esta casa, nem tenciono cá voltar,

Ainda quando foi da eleição presidencial, eu, que dos presentes era o mais velho, não presidi a essa sessão. Tudo isto, Sr. Presidente, porque à lei foi só feita para os afilhados.

Não protestei nem mo importei com isso; o país que julgue.

Em Portugal não há justiça, nom direito.

Ontem só houve uma voz nesta Câmara, a do Sr. Ministro da Instrução Pública, que pôs a questão no campo do direito. É assim que se fala.

Fui convidado em tempo pelo Sr. António José do Almeida para fazer parte, como presidente de uma comissão a que davam o nome de Cadastro Nacional, cargo êsse que não aceitei por não compreender muito bem o fim que se tinha em vista, pois o que eu entendo que se devia fazer era o cadastro à vida portuguesa, como aliás se faz lá fora e já se deveria ter feito também entre nós.

Fui nomeado para uma comissão de inquérito, mas não quis aceitar o logar e disse:

— V. Exa. gasta mais alguma cousa e fica com uma obra admirável.

Nós não temos cadastros e bem precisamos deles. Não sabemos hoje qual é a divisão das propriedades, quais os cultivos variados que nelas existem.

Por outro lado ignoramos o estado sanitário do País, sobretudo no que respeita às doenças terríveis do alcoolismo e da sífilis, etc.

É absolutamente necessário que tenhamos elementos que nos habilitem a conhecer o estado do País em todas as suas manifestações.

A efectivação dêste meu alvitre foi julgada muito complexa e eu, em face disso, apesar das instâncias do Sr. António José de Almeida, retirei-me.

Passado tempo voltou a dizer-me o Chefe do Estado:

— Então decididamente não há maneira de aproveitar em serviço da Nação as suas aptidões?

A essa pregunta respondi simplesmente:

— «Aqui há tempos falaram-me do lugar de professor duma nova Faculdade».

S. Exa. disse:

— Está bem. Vou já tratar do caso.

Mandou chamar o Ministro da Instrução Pública de então, o Sr. Joaquim de Oliveira, o daí a três horas estava feita a minha nomeação.

Já vê a Câmara que eu não mendiguei nada. Fui para a Faculdade instado para isso.

Sou jornalista há 45 anos.

Em 1881 escrevia eu no jornal O Século artigos de fundo, ao lado de jornalistas célebres do tempo.

Nunca ninguém me acusou do escrever calinadas. Foi preciso que os garotos da Faculdade de Letras se lembrassem de inventar que eu dizia barbaridades, para que, pela primeira vez na minha vida, eu fôsse acusado de calino. Eu fiz, no meu jornal; a análise detalhada das palavras a que os tais garotos chamavam asneiras, provando-lhes que êles é que eram ignorantes e que eu estava na boa razão.

Eu sou partidário acérrimo dos estudos clássicos, e acho que o Sr. Ministro da Instrução fez mal em acabar com o ensino das letras nalguns liceus.

Eu bem sei que há mais concorrência às sciências que às letras, mas isso não é motivo, porque o estudo da língua nacional é a base da independência o deve ensinar-se através de tudo.

Sr. Presidente: estava a referir-me há pouco às escolas industriais, tam necessárias para o ensino dos nossos operários.

Nalgumas escolas industriais e comerciais da América do Norte ensina-se até latim o história antiga.

As nossas Faculdades de Letras são uma burla, apresentando programas que não podem dar-se devido à exigüidade do número de cadeiras existentes.

Como é que o professor, leccionando duas horas por semana, pode ensinar história da Grécia, do Roma, e história antiga, quando só a história da Grécia dava para uma cadeira?