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Sessão de 7 de Novembro de 1924 11

Podemos reconhecer a grandeza dos jesuítas, sendo inimigos deles, e podemos reconhecer com justiça os actos bons e maus da monarquia, sendo republicanos. Quanto maior justiça façamos aos jesuítas o aos monarcas, mais republicanos somos e mais prestígio podemos ter para impor as nossas ideas.

Não queriam que eu dissesse: não!

Basílio Teles, que era uma inteligência de primeira ordem e que chegava quási a ter a loucura da honestidade, — mas que grande, que heróica loucura! — dizia-me uma vez: Cristo, você é romano!

Não aludo a isto por vaidade, mas porque sinto necessidade de o dizer.

Dizia-me êle: Cristo, você é romano! Os romanos andaram pela sua terra e você deve ter sangue romano nas veias.

Não sei!

O que o levava a dizer isto era o ou ter possuído sempre uma certa energia.

D. José! Falo nele para mostrar a injustiça de se dizer que êle não foi ninguém.

E o que pouco mais ou menos diz o historiador a que já me referi; como se êle não tivesse sido tam grande como foi.

Veio João Franco com as suas cartas. Quando as li, disse que valiam muito pouco.

Digo isto, por muito que peze aos monárquicos.

Antes de João Franco, tinha eu reabilitado o rei D. Carlos, no meu jornal. No meu jornal e nos meus livros tinha eu já dito, e digo, que a morte dêsse homem foi um dos maiores desastres para a nacionalidade.

Porque êsse homem era uma grande fôrça e uma grande inteligência. Tinha qualquer cousa que torna verdadeiro o dito de que são os mortos que governam.

Disse, um grande escritor:

«O que governa os vivos são os mortos».

Isto é verdade.

Esqueceram-se disto quando constituíram a República.

Mas, como eu ia dizendo, D. José tinha a sua mulher, tinha a sua filha, tinha e seu irmão, o seu confessor, e todos contra o marquês.

Diziam-lhe: mate-o, enforque-o, expulse-o.

Êle respondia sempre: Não! Não! e Não!

Eu quando me lembro disto pregunto se para êle dizer: não, não e não» não necessitava ser tam grande como o seu ministro.

Aos que lançam pedras a D. José eu pregunto se alguns deles eram capazes de ter essa energia, e grande energia será necessária para resistir às instâncias dos que nos rodeiam.

Um grande republicano que já morreu — Casimiro Freire —homem cheio de erudição, dizia-me: Sr. Cristo, é difícil resistir às solicitações da mulher que vive ao nosso lado. Ela diz que o nosso maior amigo é tratante. No primeiro momento sacudimos a insinuação, ela cala-se. Passados oito dias volta a dizer o mesmo, e já a ouvimos um pouco. Depois insiste e nós acabamos por concordar: sim, afinal é um tratante.

Isto é perfeitamente assim.

Já era no tempo de Pombal, e veio a propósito de eu dizer que os grandes homens que tem havido são a condenação desta raça desde D. Manuel até hoje.

Mas, Sr. Presidente, eu pus a questão nestes termos: ou os meninos, ou eu; e com os meus cabelos brancos até me ria de ser joguete dos meninos que não sabem ler nem escrever.

Eu aturava-os se fôsse numa aula de instrução primária.

Ponham em menino de bigode numa aula de instrução primária, que eu aturo-o; mas com o pedantismo do bigode a dar sentenças, sem saber ler nem escrever, isso não é para mim, é para o Sr. Leonardo Coimbra.

Mas, Sr. Presidente, viver de um tal modo entre os meninos não era para o meu temperamento.

Eu já tenho dito há muito tempo que tenho o temperamento de revolta, mas não de tirano.

Há muito tempo que não há tiranos, e lembro-me agora de um dito de Robespierre: os governos de ditadores só se sustentam com o terror e com a virtude.

Tem-se escrito muito contra Robespierre, mas ou sou admirador de Robespierre e considero-o um homem de grande valor o virtudes.