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10 Diário da Câmara dos Deputados

Há homens que justamente ficam maiores depois de caírem do que quando estavam de pé.

Os homens estão sempre sujeitos a cair, e onde se distinguem os grandes dos pequenos, ô que uns levantam-se por si próprios, pela elevação da sua consciência e inteligência clara, ao passo que outros ficam estendidos na lama como as rãs, coaxando como elas.

Cair?! Que importa cair? Quantas vezes eu tenho dito no meu jornal aos Ministros que caiam, mas caiam bem!

Infelizmente todos ou quási todos os Ministros descem as escadas dos Ministérios de gatinhas, em vez de as descerem de pé, como homens.

Foi da têmpera dos que caem de pé o Marquês de Pombal, e por isso é que ainda não conseguiu ter uma estátua, ao passo que a muitas nulidades têm sido erigidas estátuas, estatuinhas e estatuetas.

Neste País há muitos anos que só impera H insignificância e a cretinice. É certo que se o Marquês de Pombal pôde afirmar-se tam grande, foi porque teve também um grande rei, e nesse ponto os historiadores não são justos.

O próprio Sr. Oliveira Martins, que foi um escritor distintíssimo, um estilista primoroso, superior talvez a Michelet, não lhe fez justiça nas suas apreciações como historiador.

Isto é que eu dizia aos estudantes, aconselhando-os a que lessem Oliveira Martins como um dos mais belos estilistas do mundo, mas não como homem de ideas nem como homem de crítica, porque êle não possuía estas duas qualidades.

Fomos uma grande raça, mas infelizmente as virtudes que a caracterizavam desapareceram.

Portugal não tem condições de independência, talvez; mas condições morais e intelectuais.

A nossa história é tudo quanto existe de mais belo; os estrangeiros caem de admiração. E de tal maneira que me dizia há tempos, em Neully, Maurice Barres:

—«Como é que os portugueses de agora são tam diferentes dos portugueses antigos, quando são a mesma raça?»

Eu respondi:

— «Sr. Maurice Barres, V. Exa. sabe o terrível inconveniente que resulta da falta de comunicações de ideas. Nós fomos senhores do mundo em quanto éramos os detentores principais das comunicações, porque éramos o povo mais culto do mundo inteiro; e agora acontece que estamos isolados, quási lançados à margem num canto da Europa, emquanto V. Exa. -só quiser pode almoçar em Londres e jantar em Paris, ou tomar chá em Bruxelas e ir almoçar a Berna ou Lausanne. Aí há comunicações constantes. Uns e outros trocando ideas, transmitindo pensamentos, despertando emulações; é o que faz a corrente resultante do progresso. Nós, porém, estamos, desgraçadamente, entregues a nós próprios neste canto da Península; e os povos entregues a si próprios, diz-nos a história, sempre se tornaram estéreis».

Então êle respondeu-me:

—«Tem razão! Realmente isso deve ser uma causa do enfraquecimento da raça portuguesa».

Há outras causas! Não é só esta porque é disparate encontrar uma causa única para explicação.

Veja-se como Oliveira Martins, um grande, estilista — que desgraça! — fala de D. José. Diz:

— Só agora falo nele para dizer que não foi ninguém.

Que desgraça!

Outra cousa que o País não sabe:

Porque é que os Srs. republicanos criaram má vontade contra mim?

Porque pus o espírito de justiça e direito acima das conveniências mesquinhas de quadrilha e acima das paixões dos facciosismos estéreis e reles, sem horizonte, sem largueza de sentimentos, sem nada!

Quando me diziam: os Braganças são assim, são assado — D. João VI, D. Pedro, D. Sancho, etc.— eu respondia sempre: não!

Para só deitar a monarquia abaixo, não necessitamos mentir.

Não necessitamos mentir para apontar os defeitos dos jesuítas.