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6 Diário da Câmara dos Deputados

seguinte: o primeiro dos benefícios que o povo português colhe, neste momento, pela melhoria cambial, é de não ter sofrido um aumento sensível, muito sensível mesmo no custo da vida que ia dar-se fatalmente, se continuasse o câmbio a piorar, como ia piorando.

No que respeita à questão cambial o beneficio de que goza o Sr. Tavares de Carvalho e gozamos todos que fazemos parte da sociedade portuguesa, é não ter aumentado o custo da vida que estava iminente e que não era possível arredar de nós. É êsse aumento que se não dará.

Disse S. Exa. que eu devo tomar todas as atitudes que forem necessárias para fazer baixar os preços existentes à data em que se deu a reversão na marcha cambial.

Eu direi a V. Exa. que tenho feito tudo para se chegar à baixa de preços. Nós já nos devemos dar por felizes por não irmos para pior, e V. Exa. pode estar certo que a baixa há-de acentuar-se sensivelmente. Eu por minha parte tenho empregado todos os esfôrços, mas o problema é complexo e estou convencido que só se poderá resolver por métodos económicos e não com decretos e portarias.

Agora direi a V. Exa. que a vida pode baixar em todos os géneros, mas, se o pão não baixar, ninguém considera a vida mais barata; todavia o pão barateou alguma cousa, e só mais tarde poderá tornar-se essa baixa mais sensível, o que não se pode conseguir já, visto o preço por que foi adquirido o trigo, não podendo a moagem nem a panificação fazer por êsse facto uma maior baixa.

O pão feito com o trigo nacional, que foi adquirido a mais de 1$80 por quilograma, não pode baixar. Temos de modificar a tabela; porém temos de ter em conta a lavoura portuguesa.

O Sr; Carlos de Vasconcelos: — V.Exa. pode dizer-me a como se pode obter trigo
estrangeiro?

O Orador: — A menos que o nacional. Fica a 1$60.

Em Lisboa tem faltado o peixe. Há dois meses que estamos em greve, e sendo o peixe um dos elementos para baratear a vida, a falta dele tem concorrido para a carne e o bacalhau não baratearem.

V. Exa. sabe que diversas démarches se têm feito para solucionar a greve, mas nada sé conseguiu; tenho agora o prazer de comunicar a V. Exa. que hoje, depois duma conferência de três horas, chegámos finalmente a uma solução e que, portanto, na próxima segunda-feira já sairão para a pesca os barcos do Comissariado.

Não intervim mais cedo, porque não era ao Ministro da Agricultura que competia resolver 'o problema da pesca.

Hoje, depois de larga conversa, resolvi de uma maneira justa o problema que diz respeito aos barcos do Comissariado, os quais devem ir para o mar, como disse, na próxima segunda-feira, estando convencido que êste facto determinará dentro em pouco dias a resolução do assunto.

De resto, Sr. Presidente, terminarei as minhas considerações da mesma forma como as comecei, isto é, que a melhoria cambial já nos deu a nós todos um alto benefício, pois a verdade é que se assim não fôsse dentro em pouco não poderíamos suportar o enorme aumento no preço dos artigos, o que na verdade já é um benefício muito apreciável.

O que eu posso garantir a V. Exa. é que espero que a situação melhore dentro em pouco, quanto todos se convencerem que a melhoria cambial é um facto, pois a verdade é que uma grande parte dos nossos comerciantes ainda não está convencida disso.

Todos sabem que eu sou uma pessoa honrada e cumpridor dos meus deveres, (Apoiados) mas agora tenho fé, baseada na própria natureza dos factos, de que a situação há-de melhorar dentro em pouco, sem necessidade de se recorrer a decretos, portarias ou editais.

Tenho dito.

O Sr. Tavares de Carvalho: — Sr. Presidente: felicito o Sr. Ministro da Agricultura por ter resolvido hoje o problema da pesca, conseguindo que os barcos do Comissariado já vão para o mar na próxima segunda-feira.

Com o que não posso estar de acordo é com o critério que S. Exa. apresentou, isto é, que a maioria do comércio deve esgotar as suas existências actuais de mercadorias antes de só produzir a baixa