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Sessão de 7 de Novembro de 1924 15

Mas, e creio que era isto que eu ia dizendo, falou S. Exa. nas falsificações das actas. Ora V. Exas. compreendem o que seja falsificação duma acta: numa está mais do que devia estar e noutra deixa de constar o que se passou.

Mas quem há-de ver a falsificação das actas?... Eu, por exemplo, que assisti a uma sessão e que vou ver se lá está o que se passou.

Ora muitas vezes se deu o caso de que ou assistia a uma sessão, a certa altura me ausentava e figurava como cúmplice de certas deliberações! É que as actas muitas vezes eram feitas de cabeça.

Falou mais S. Exa. em alunos que entraram e saíram da Faculdade sem exame. E S. Exa. passou também um diploma de ignorância ao pobre Sr. Augusto Nobre, que para ali ficou, parecendo que tinha medo de falar. Os estudantes de todos os estabelecimentos scientíficos requerem ao reitor ou ao director, mas isso não exime as Faculdades de responsabilidade. Em todos os casos há responsabilidade ou da reitoria ou da Faculdade.

Na questão financeira há graves irregularidades, nas aplicações das verbas. Isto é uma questão importantíssima que a sindicância terá de apurar.

Outra sindicância, que esta não basta.

Nos exames, o Sr. Leonardo passou-me um diploma de incompetente.

Uma vez os alunos tinham que me apresentar as suas dissertações: pediram-me para adiar a apresentação de 30 de Maio para 15 de Junho; depois, para 30 de Junho, e, não contentes, pediram novos adiamentos para 15 de Julho e para 30 de Julho. Eu disse: isso não pode ser, ou apresentam a dissertação ou perdem a freqüência da cadeira. Quiseram discutir comigo, mas eu que tinha alunos de outra aula à espera, disse-lhes que não os podia ouvir, que se pusessem lá fora. Isto foi o bastante para se voltarem contra mira. Depois o Sr. Leonardo, que sempre é paternal para os rapazes, foi desencantar um decreto em que as dissertações só oram obrigatórias em certas disciplinas.

Houve um grande conflito com o Sr. Leonardo Coimbra, porque êste queria que um professor aceitasse as dissertações dos alunos.

E o que sucedeu?

Sucedeu que as dissertações foram distribuídas, os dois restantes membros do júri puseram a sua nota de aprovação, mas o professor não lhe pôs nota nenhuma nem as assinou.

Pregunto: Isto é válido? Isto pode ser?

Mas, Sr. Presidente, o Sr. Leonardo Coimbra referiu-se ainda a uma testemunha, dizendo que ela afirmara que não sabia para o que era chamada.

Sr. Presidente: uma testemunha só sabe para que é chamada quando o juiz instrutor do processo lho diz, o aquela a que me refiro foi lá chamada para lhe fazerem preguntas acerca da maneira como eram recrutados os assistentes, e para dizer o que sabia sôbre determinado assistente.

Tratava-se, portanto, de matéria que estava dentro da sindicância, visto que ela era feita a todos os ramos da Faculdade.

Mas o Sr. Leonardo Coimbra falou com certa deferência daquela testemunha.

A êste respeito devo dizer que tenho em meu poder uma carta que vou publicar no próximo número do meu jornal, se não tiver a nota de confidencial, em que ela me diz que, quando o secretário da sindicância viu a notícia dos jornais, o encontrou, dizendo-lhe:

— Ó homem, o que se passou na Faculdade não foi nada do que os jornais dizem. O sindicante fez os mesmos elogios ao professor Homem Cristo.

Ora isto não é verdade. Eu vou publicar, e a responsabilidade é de quem a escreveu.

Sr. Presidente: não há dúvida que o Sr. Agostinho Fortes estava nessa comédia da Faculdade, o isto só mostra que neste pais não há espírito jurídico, não há justiça, não há nada.

Quando eu digo que êste povo não tem condições de independência é apenas com o intuito de o estimular, e para que façam dêste país um país maior.

Nós não vivemos da herança paterna, e quando a recebemos devemos torná-la maior, para a deixar aos filhos. É êste o dever do homem dentro da família e da sociedade.

Ora, como eu ia dizendo, não há justiça neste país. Eu pregunto se um povo pode