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12 Diário da Câmara dos Deputados

Foi êle que salvou a França das invasões dos inimigos e, quando morreu, com êle morreu a República.

Os governos revolucionários só se sustentam com a tirania e a virtude, e em Portugal não houve tirania nem virtude.

A verdade é que, quando eu necessitava tratar da minha saúde, tive de vir aqui tratar desta questão, que não interessa à Câmara, visto que muitos Srs. Deputados não me quiseram ouvir ontem.

Um dos que vi sair da sala foi o Sr. António Maria da Silva.

Eu nunca perdôo ao Sr. António Maria da Silva o procedimento que teve comigo.

Eu vivi com êle na prisão o tive lugar de ver a sua pobreza; pois apesar disso, vi êsse homem acusado do ladrão.

Mas, Sr. Presidente, eu tenho procedido com o Sr. António Maria da Silva de modo diferente do de S. Exa. a comigo.

Numa ocasião em que estava para rebentar uma revolução, alguém entrou de noite no hospital o disse-me ao ouvido: «acautele-se, vem aí uma turba-multa para o matar e ao Sr. António Maria da Silva».

Eu procurei o médico e pedi um canto para nos escondermos.

Êle disse-me que só tinha lugar para mim, e eu respondi-lhe que ou se arranjava para os dois ou então não ia nenhum.

Êste Sr. António Maria da Silva é o mesmo que ontem fugiu para o corredor.

Também uma noite um polícia tentou assassinar o Sr. Magalhães Lima; fui eu quem lhe evitou a morte, expulsando o polícia.

Mas, continuando, ou os tais estudantes ou eu.

Escrevi, nesse sentido, de Paris ao Sr. Leonardo Coimbra, fazendo-lhe ver que não me calaria e não me calei...

Ora aí está a carta que serviu do pretexto para o Sr. Leonardo Coimbra não insultar.

Disse ainda que eu me associava às suas festas.

Vejam V. Exas. só há argumento mais fútil do que êste.

Mas, se eu me associava às festas, é porque não o provocava.

Uma vez vieram-me preguntar se eu subscrevia para uma pasta.

Respondi: ora essa, porque não!

O que tem isto de extraordinário!?

Então eu que nas festas da minha terra concorro para o S. Matias e S. Torcato, porque mio havia de dar dinheiro para uma festa ao reitor da minha Faculdade?

Estive sempre de boas relações com êle; só deixei de estar quando mo quiseram converter de professor em criado de servir.

Desde êsse momento é que eu não transigi.

Quando estive no exílio passei fome, e se não morri foi porque alguns monárquicos mo deram de comer, não tenho vergonha de o dizer, e se não conspirei com êles, foi porque êles não sabem conspirar; acima das Repúblicas e das monarquias está a Pátria.

Os princípios valem o que valem os homens!

Os monárquicos tiveram o pássaro na mão e deixaram-no fugir da maneira mais estúpida que só pode imaginar.

Ainda valem menos do que os republicanos.

Tenho inimigos entre os monárquicos, como tenho entro os republicanos, e estou contente com isso.

A minha satisfação, a minha glória, mesmo, o que uns e outros são meus inimigos, o que prova que só digo verdades, doa a quem doer.

Mas, nessa altura, eu dizia num artigo: «o mal é da raça e da sua pouca educação, e não das instituições». Dizia mais aos republicanos que não tivessem pressa de implantar a República, porque o meio era mau; vissem se podiam sanear o meio antes de mais nada, para mais tarde evitarem muitos trabalhos. Não me quiseram, porém, ouvir e disseram mal de mim.

É sempre assim: quando digo mal dos republicanos aplaudem-me os monárquicos, quando digo mal dêstes aplaudem-no aqueles.

E isso é a minha glória, porque uns e outros que digam quando me compraram!

Ainda o Sr. Leonardo Coimbra afirmou que eu tinha dito mal dos meus superiores hierárquicos.

Muito pode a vaidade do Sr. Leonardo Coimbra. Meu superior hierárquico!? ...