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Sessão de 10 de Novembro de 1924 5

com reformas importantíssimas, e, quando se trata duma escola, respondem-nos que estão em causa os interêsses superiores da educação e do ensino. Mas tudo fica neste — perdõe-se-me o termo — charlatanismo, nestas parangonas, deixando-se para trás as reclamações locais, mesmo quando elas são de grande utilidade para o País.

Sr. Presidente: há perto de quatro anos que venho pedindo sucessivamente aos vários Ministros da Instrução que têm passado pelas cadeiras do Poder, pedindo até pessoalmente, de chapéu na mão, que, em nome do Estado, S. Exas. se dignem aceitar uma casa que gratuitamente oferece a Junta de Freguesia de Arcozelo para uma escola, e todavia ainda até hoje não consegui que um só dos Ministros que têm passado pela pasta da Instrução tratasse desta pequenina cousa.

Esta casa foi deixada por um benemérito da instrução, para fins escolares, à junta de freguesia, que a foi utilizando conformo pôde como escola.

As condições da casa, porém, para ser adaptada a escola, eram insuportáveis, mas, como essa casa sofreu uma grande valorização, a junta conseguiu encontrar pretendentes que lhe davam por ela o dinheiro necessário para a construção dum bom edifício escolar.

Nestas condições, por meu intermédio, dirigiu-se ao Estado, a fim de resolver o assunto de maneira prática, entregando o dinheiro proveniente da venda da casa ao Estado, para êste mandar construir um edifício apropriado a escola.

Mas o Estado, que por vezes nem sequer manda reparar os edifícios escolares que lhe pertencem, não se preocupou nunca com esta aquisição gratuita duma boa escola.

A única cousa que consegui até à data foi que um dos Ministros da Instrução, o Sr. João Camoesas, mandasse vistoriar o edifício.

A vistoria fez-se efectivamente, e confirmou as minhas alegações e as alegações da junta.

Pois o actual titular da pasta da Instrução, a quem, logo no começo das suas funções ministeriais eu apresentei, talvez pela vigésima vez, as minhas reclamações, ainda até hoje não deu andamento nenhum à questão e a casa lá continua sem utilidade absolutamente para nada. Lá continua aquela freguesia, que tem uma afluência escolar enorme, a ter a sua escola funcionando em condições péssimas, e o Estado, que se encontra riquíssimo, o que desempenha muito bem as suas funções, está saturado de exercer essas funções e tam saturado que já se enfastia e despreza as oportunidades de continuar a prestar os seus serviços à causa da instrução.

Outro ponto a que desejo referir-me é aquele que diz respeito à extinção da Escola Primária Superior de Gouveia.

As palavras de exórdio com que comecei as ligeiras considerações que acabo de fazer têm agora, se é possível, melhor e mais cabal justificação.

É moda desdenhar do caciquismo e tam ao exagero se levou a moda que o Parlamento foi até o ponto de acabar com as suas sessões destinadas à apreciação de assuntos regionais, para se ocupar apenas de questões magnas, de cousas superiores.

Ao pé destas, o caso de que vou ocupar-me é naturalmente insignificante.

Por isso peço ao Sr. Ministro da Instrução me releve o atrevimento de chamar para êle a sua atenção, atenção que certamente lhe é por completo absorvida pelos vastos planos a cujos magníficos resultados S. Exa. faz referência no relatório há dias lido nesta Câmara pelo Sr. Presidente do Ministério...

O Sr. Nuno Simões (interrompendo): — V. Exa. não se dá com o Sr. Ministro do Comércio?

S. Exa. resolvia ràpidamente o caso transformando a Escola Primária Superior de Gouveia em escola comercial e industrial.

O Orador: — Não posso seguir o caminho sugerido por V. Exa. pela razão de que já foi seguido pelo Sr. Ministro da Instrução que, na sua qualidade de colega, se encontra, decerto, em melhor posição do que eu.

Devo declarar que, ao tratar dêste assunto, me não movem quaisquer intuitos de natureza partidária.

Se; efectivamente, êsse propósito dominasse no meu espírito, eu teria então que dirigir ao Sr. Ministro da Instrução os