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Sessão de 10 de Novembro de 1924 7

Relativamente à escola de Gouveia, devo dizer em abono da verdade que S. Exa., falando sôbre o assunto, revelou uma susceptibilidade doentia.

O Sr. Pires do Vale (interrompendo): — Muito obrigado a V. Exa., mas não necessito de socorros clínicos.

O Orador: — V. Exa., a propósito do caso, referiu-se a interêsses eleitorais, quando tal se não dá.

No tempo do Govêrno Cunha Leal fui eleito Deputado por Seia, não porque ò tivesse solicitado, visto que até o meu empenho era não aceitar a candidatura, mas sim para satisfazer os desejos do Presidente do Ministério, que manifestou e defendeu o parecer do que todos os Ministros fossem eleitos Deputados.

De resto, Sr» Presidente, não compreendo a indignação de S. Exa. contra a extinção da escola de Gouveia, quando é certo que S. Exa. não protestou contra os decretos publicados, não só pelo Sr. António Sérgio, como pelo Sr. Helder Ribeiro, em virtude dos quais foram extintas quási todas as escolas primárias superiores.

Trocam-se Àpartes.

O Orador: — V. Exas. deixem-me explicar bem o assunto. O decreto Helder Ribeiro não suprimia todas as escolas primárias superiores, porque pretendia reorganizá-las.

O Sr. Pires do Vale: — Isso estava no papel e ninguém acreditava que se fizesse, como há muitas pessoas que duvidam de que o decreto de V. Exa. vá por diante.

O Orador: — Isso é uma cousa para se ver. Relativamente às escolas primárias superiores, devo dizer a S. Exa. que encontrei, quando subi ao Poder, uma situação criada. Estavam por um lado extintas (decreto António Sérgio) e por outro lado mantidas em certas bases (decreto Helder Ribeiro).

Encontrei-me assim numa situação embaraçosa o além disso com mais do 500 professores desempregados. Há quem entenda que essas escolas deviam representar a continuação do ensino geral, e há outros que entendem que elas devem constituir o ensino profissional adequado a cada região.

O Sr. Pires do Vale parece que é partidário desta opinião, pelo que lhe acabo de ouvir; S. Exa. disse que se devia continuar a manter a escola primária superior de Gouveia, mas com o ensino comercial e industrial.

A maior freqüência das escolas primárias superiores é a das que estavam nas capitais do distrito, com pequenas excepções. Aí funcionavam as antigas escolas normais primárias, depois transformadas em escolas primárias superiores.

Entendi que devia conservar estas escolas primárias superiores nas capitais de distrito, autorizando-as ao mesmo tempo a fundir-se com as de ensino comercial, industrial, agrícola, marítimo, etc., que aí porventura existissem. Desta maneira, o objectivo que para muita gente devem ter as escolas primárias superiores conseguia-se, se essas escolas, além de darem uma cultura geral, dessem também uma educação profissional.

Pensei em manter as escolas primárias superiores, com carácter profissional o pondo-as onde fôsse necessário, mas sabem V. Exas. o que a comissão encarregada pelo Sr. Helder Ribeiro de fazer as bases para remodelação do ensino primário superior me disse?

Que eu não tinha professores que pudessem estar à testa dessas escolas.

O Sr. Nuno Simões: — Mas então são competentes para agora serem nomeados para as escolas de ensino técnico?

O Orador: — V. Exa. compreende que entre 500 professores há-de haver pelo menos alguns competentes.

O Sr. Nuno Simões: — Desejava saber qual tem sido o critério da selecção. Trocam-se apartes.

O Orador: — V. Exas. deixem-me expor o meu ponto de- vista e depois farão as críticas que entendam dever fazer.

Por esta forma que indico, V. Exas. teriam escolas que, ao mesmo tempo que ministravam o ensino geral, habilitavam para a vida profissional. Mantinham-se as escolas primárias superiores, mas dando-se-lhes uma finalidade própria nas sedes