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6 Diário da Câmara dos Deputados

meus aplausos pelo acto praticado por S. Exa.

A extinção da escola primária superior de Gouveia representa, porém, um prejuízo para os interêsses nacionais, em cuja defesa, exclusivamente, me encontra neste momento.

O Sr. Ministro da Instrução com a sua atitude mostra claramente que se deixou influenciar por um critério estreitamente particularista.

Não discuto agora - reservo-me para o fazer quando do caso pormenorizadamente me ocupar na interpelação que vou mandar para a Mesa — se o critério de S. Exa. é bom ou mau.

Limito-me a apontar o facto de se privar um grande centro industrial, como é Gouveia, da única escola que possuía.

S. Exa. procurou por todas as formas provar que era bom filho de Seia.

Acabo de ler nos jornais que se levou á assinatura a criação de uma escola industrial e comercial nesta última vila.

Não tenho senão que aplaudir S. Exa. por êsse facto; mas Gouveia precisa mais da referida escola do que Seia, porque tem mais fábricas.

O Sr. António Dias (interrompendo): — Seia tem tantas fábricas como Gouveia.

O Orador: — Em Seia há mais. V. Exa. não as contou.

Em Gouveia há 12 ou 15.

O Sr. Presidente: — V. Exa. já excedeu o tempo.

Vozes: - Fale, fale.

O Orador: — Eu terei muita ocasião de demonstrar êste ponto; por agora só direi que o Sr. Ministro da Instrução achou ensejo de patentear o seu amor por Seia, como já tinha mostrado por amigos e pessoas de família.

O Sr. Ministro da Instrução Pública (Abranches Ferrão): — Eu desejava que V. Exa. provasse essas insinuações.

Tudo quanto tenho feito tem sido dentro da lei.

O Orador: — Dentro da lei pode fazer-se muita cousa.

Estabelece-se diálogo entre o orador e o Sr. Ministro da Instrução,

O Orador: — Quanto a Gouveia, extinguiu uma escola cujas tradições excediam em valor as de quási todas as escolas primárias superiores do país, haja em vista os prémios que obteve na exposição do Rio de Janeiro, que foram os mais altos e honrosos que se concederam.

Aqui tem S. Exa., com toda a franqueza e sem nenhuma espécie de insinuações, o que eu tinha a dizer sôbre o assunto, terminando como comecei, isto é, dizendo que espero ainda voltar a êle, para o que aguardo uns documentos do que necessito a fim de orientar uma interpelação cuja nota oportunamente enviarei para a Mesa.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Ministro da Instrução Pública (Abranches Ferrão): — Sr. Presidente: são dois os assuntos a que se referiu o ilustre Deputado Sr. Pires do Vale.

Começou S. Exa., antes de se referir a qualquer deles, por fazer um preâmbulo acerca dos homens que têm ocupado as cadeiras do Poder, e que geralmente apresentam grandes planos e grandes reformas, deixando completamente no esquecimento umas pequenas cousas que, todavia, possuem grande importância para as localidades.

Devo dizer que as considerações feitas por S. Exa. a êsse respeito não se entendem comigo, porque não sou partidário de grandes planos e disso tenho dado provas na gerência da pasta que me honro de sobraçar.

Quanto ao que S. Exa. disse relativamente à escola de Arcozelo, não quero dizer que S. Exa. não tenha razão.

No Ministério da Instrução existem várias reclamações de parlamentares e não parlamentares sobre-o Estado em que se encontram diversas escolas, havendo oferecimentos que, na verdade, não têm sido aceitos.

Pode V. Exa. ter a certeza de que já dei as necessárias instruções ao chefe da respectiva repartição, no sentido de serem aceitos êsses oferecimentos, visto o Estado não poder presentemente proceder à construção de novas escolas, como seria para desejar, podendo mesmo afirmar que já alguma cousa se tem feito nesta ordem de ideas,